sábado, 30 de setembro de 2017



          
          DINASTIA  DAS  ORQUÍDEAS 

          
                               *****Edu Planchêz******


           ( o que faço não é meu é das pessoas, desse tempo, de outros tempos )



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       "AO POVO DANÇARINO DO ABISMO" 
                    ( Jorge Mautner )

       "AO POVO DO VENTO DA MEIA-NOITE"
                ( frase do filme "O homem que dasafiou o diabo" )

“É melhor você começar a nadar, senão afundará feito uma pedra,
 pois os tempos estão mudando”.
         ( Bob Dylan )


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ergo-me da tumba da depressão


ergo-me da tumba da depressão
para riscar nas casas da luminosidade
dos gigantes do tempo
que vivem fora do tempo
além do tempo
algo que só os se escancaram
percebem

diria que você me olhe e se olhe
de olhos fechados,
de olhos cravados nas esferas
que giram

a imperfeição perfeita germina
sempre que me reconheço no outrem,
ouvindo o que escapa
do alcance da lógica

e tinha que morrer mais uma vez
para compor essa linhas
de vida, de sabedoria avassaladora

e eu não me mostro atoa,
muito menos você
que me acompanha
com os círculos dos muitos sentidos

minha poesia nunca sucumbe
aos solavancos das coisas ruidosas
maiores que o tempo
menores que a carne

( edu planchêz )


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nas terras da alma das maçãs


eu sempre quis mover
com os olhos as camadas profundas
das porcelanas regentes de minhas mãos,
e as movo

nunca quis e sempre quis
ser uma lenda viva do rock,
bem modesto, nada modesto,
totalmente poeta,
homem de nada,
sorridente de tudo

absurdo aqui nesse agora,
eu, você, os candelabros,
as aves-labaredas

meus reis pés se plantam
nas terras da alma das maçãs,
nos cabos que prendem as letras
nas linhas dos que escrevem

( edu planchêz )

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gigante de fogo


livre dos cordões, das serpentes,
do que já foi,
do que evapora-se,
do que explode bem longe

o espelho, ao espelho, no espelho,
para o espelho;
eu espelho do meu espelho
do teu espelho

despeço-me do passado ( agradecido )
por mais difícil que ele tenha sido
meu outro homem, meu outro

raízes extensas desse outro
se multiplicam

o cais é o lugar mais propício
para movermos um barco ( ? ),
um penacho de navegantes,
um gigante de fogo

é de aço a arte do meu eu,
de espumas,
de células magnéticas repulsivas

( edu planchêz )


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a janta


sob o olhar do bicho
que mora na berinjela,
preparo nosso alimento,
a janta
de catarina crystal
e edu planchêz,
dois pássaros mirando
o digno futuro,
a vasta arte de arder poemas
sobre os símbolos
das criaturas novas

( edu planchêz )


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 eu e você


palha por palha, folha por folha;
avisto um avião de pele e osso
entrando no campo de força
de minhas palavras corpo e alma

ela dorme sobre as plumas,
doce e bela,
dama semibreve
de minhas colcheias,
sobre a pauta de linhas de tinta,
escrevemos uma sonata,
um rock blues
e eu à amo tanto,
nem se cair toda a água do céu
não será algo mais arco-íris
do que eu e você

( edu planchêz )


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ABELHAS TEATRAIS


meu verso preferido nessa hora,
é o verso que nunca escreverei
porque havia de escreve-lo
antes d'eu nascer após morrer

ponho à prova todos os cadernos
que não escureci
por ordem de valente júnior,
por merecer a estrela
da decima sétima ordem
dos que afiam a esgrima
nos dentes com caroços de mamão

falando em sementes,
falando em o que comer
após e durante o coito d'euvocê
escancarados no prado
de gramíneas encharcadas
de flores serenas abelhas teatrais

( edu planchêz )



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casa da fartura


em aliança
com a casa da fartura,
arremesso o queijo rosado
sobre o pão
teu corpo


( edu planchêz )


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holística


holística boca, a tua,
a porta aérea terrestre
das magníficas vertigens,
o remo que me serve de nave,
naus coroando na boca do nascer


( edu planchêz )


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CANTORA


sobradinho,
a canção de sá e guarabira
esticando esticando o cabelo
das coisas que se movem,
mas todas as coisas se movem,
mesmo que a olhos comuns
não percebamos
a natureza de tudo
é o movimento movimento

pedro couraças,
teu nome sugere tambores,
aguerridas mãos,
movem-se estrelas
de quase tudo,
movem-se películas,
cena por cena,
fotografia por fotografia

e "a luneta do tempo"...
cá esteve, cá está...
reinos longínquos vistos
agora são, por esses olhos,
por essas retinas que vê os corais
e seus habitantes
se ajoelharem diante de ti,
princesa minha, cantora
a natureza de tudo
é o movimento movimento

( edu planchêz )


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O Feiticeiro Mago


o Feiticeiro Mago criador
flutua...
na criação,
nas armações que faço,
no retrato dos retratos

o Feiticeiro Mago,
abre sua cauda
de penas verdes douradas,
ele é a Majestade


( edu planchêz )


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MEU NOME É SUTRA DE LÓTUS


SOU A SUBVERSÃO
DE TUDO QUE OPRIME,
QUE NOS PÕE MASCARAS
DE FERRO NA FUÇA,
MENTIRAS EM NOSSOS CORPOS DE
ESPINHOS

A DESOBEDIÊNCIA
AO QUE É ESTABELECIDO
PARA LIMITAR
POR MIM É ABRAÇADA
POR TODOS DOS BRAÇOS
QUE TENHO NO SANGUE,
SEM O MENOR MEDO
DO QUE E QUEM FOR TRUCULENTO

JURO À TERRA CUSPIR MAIS FOGO
QUE TODOS OS VULCÕES
QUE EXISTEM, QUE EXISTIRAM,
QUE EXISTIRÃO;
MEU NOME É SUTRA DE LÓTUS
ANTONIO EDUARDO PLANCHÊZ DE CARVALHO
ÁRVORE GIGANTE DE LUZ
ME RESPEITE QUE EU ME RESPEITO E TE RESPEITO
ATÉ ONDE HÁ LUCIDEZ E BENEVOLÊNCIA
PRIMANDO SEMPRE PELA BENEVOLÊNCIA,
PELO DIÁLOGO, PELA TROCA


( edu planchêz )


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Chuva de meteoros


Chuva de meteoros do Halley,
madrugada,
Eta Aquáridas
que formam o jarro d’água
da constelação de Aquário,
rastejam em nossa sala

( edu planchêz )

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 minha mãe colossal


e essa torre de livros,
de telas escritas com vinho argentino
da melhor qualidade,
vinho que compramos
( eu e minha mulher
catarina crystal gala dali planchêz )
cúmplice indescritível,
poeta evereste nirvana
vestida de inca atenas madri,
eu à amo em grau superlativo,
ela é uma escada para o céu de vênus,
o solar de porcelana atlântica


os livros do universo,
do nosso universo homem mulher,
ator e atriz, mapa das mãos e dos pés...

nas esferas transparentes
da casa que nos abriga,
da comida amante deliciosa,
que nos põe nas riscos
em que pisou ghandi e sua ama

dedos nos dedos
de nossos lábios de verdades
e belezas,
minha mãe colossal,
rainha de meu reino de paz,
ligados estamos a todas as letras,
a todas as palavras,
a todas as frases proferidas
pelos que não jogam conversa fora


( edu planchêz )


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 o corpo que me abriga


difícil ficar calado
assim que acordo,
abro os olhos e digo
( porque não estou sentindo )
que a maior da alegrias é estar vivo,
e essa agustia, insisto,
herdei dos metais derretidos,
dos que foram esquecidos,
dos adeuses,
das mãos que não vejo mais.
na real, não possuo a resposta,
e assim sigo renascendo,
não aplaudo outra direção,
outra quentura,
longe de qualquer lamento
exibo com orgulho as cicatrizes
que estampam os corpos que me abrigam,
as luzes que circundam as coisas,
o sono que não me trouxe pesadelos
essa noite

( edu planchêz )

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trajeto que faço com minha mulher catarina crystal


depois de falar de tantas dores,
desmembradas falas
de cousas feridas,
relampejo no que penso
para melhor realizar o faiscar,
a hortênsia viagem,
nos tijolos da casa,
na mó do moinho
da alta expressão,
palheta por palheta,
santuários de espadachins
que nos desafiam
por dentro do vento
da imaginada batalha
entre o romântico
ser de cervantes
e o cavalheiro das trevas
de quem não dorme
para alongar o dia noite

ai você vai dizer
que edu planchêz é
um dos ases
da escrita contemporânea,
ou mergulhar-me na garganta
de uma serpente marinha
para que de algum modo
eu suma
para não ser ouvido
nem notado

a cantora fátima guedes
nos disse que é preciso
não jogar conversa fora,
se somos porta-vozes
do explicável inexplicável,
por que não bradar
que a primeira
escola de samba nasceu
no estacio de sá
e nas canoas dos tamoios
daqui de dentro?

e esse rio de janeiro...
redigiu em sua barriga versos
que se esparramam
pelos quartéis das formigas,
pelos ouvidos dos que somem
e aparecem nos palcos das ruas,
nas labaredas dos enxames
de vespas rajadas
que sobem e descem
pelas franjas dos troncos
das jaqueiras que cresce
na grajaú-jacarepaguá,
trajeto que faço
com minha mulher
catarina crystal
para sair e vir para casa,
para ganhar o mundo
sem a tampa da cabeça
para os pássaros entrarem

( edu planchêz )


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seres são apenas moscas esmagadas


no reino
desses que espalham
balas e armas,
residem mais que crianças,
morrem mais que pessoas,
morre a dignidade,
a claridade,
a unidade
da esquecida família,
nada de humanidade,
seres são apenas
moscas esmagadas,
lixo aos olhos
dos que não possuem olhos

a barbárie festeja sua alegria,
seu ódio, ódio pelo ódio,
amor a ganâcia,
ao descaso
da ambição desmedia
tudo pelo dinheiro, pelo desprezo,
ao vivo e sem cores,
os esquecidos,
os isolados,
os que não precisam
ter nome
porque ter nome
é ter direito
de não se afogar
com os porcos no valão


( edu planchêz )


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 brasília ás escuras


na isolada brasília,
resmungam os grilos,
os cães de nicolas behr,
os cus dos senhores
deputados senadores,
o mundo envenenado
desses vadios
que envergonham
as dores do parto
de suas mães,
manchando a história
com a paraguaiada
gestada na fedentina
de suas mentes menores,
de seus corações mortos

brasília ás escuras
soterrada por vermes
que você por cegueira
colocou no poder,
na cadeira do pobre diabo,
nas lanças
que enfiam em teu rabo

( edu planchêz )


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 mundo de merda


mundo de merda
que não me respeita,
que quer comer minha mulher,
idiotas, ratos sem amor,
sem ética, filhos da podridão,
da falta de tudo,
vão se foder
longe da minha poesia,
longe do meu sentimento
de luz absoluta,
eu os deleto
de meu caminho de budha,
e os perdoo
porque vocês
não sabem o que fazem

( edu planchêz )

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PÉS


saindo das nuvens do sono,
seguro, ou quase seguro,
no caminho, na direção
do meu outro dia,
do meu outro homem

o certo,
é que piso
em meus próprios pés,
acredito ser o lugar
mais seguro de se pisar


( edu planchêz )


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 TRIGO


Poema feito de linhas,
de paus de fogo,
de ferventes silabas,
de camadas e mais camadas
do gelo das rosas
Manhã, corte obtuso na cena:
ela flutua nos respingos
do néctar que irei provar,
que iremos provar
muito além do arco-íris,
muito além do guardar-se
para o nada

Te cerca o poema,
apinhado de abraços,
sorridentes beijos
com fragancia de camomila,
abacaxi com hortelã
Sobre as fatias nossas,
caminham aos pedaços
o trigo do chão,
as tranças gestadas
por nosso amor


( edu planchêz )


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mundo sem vento


mundo sem vento,
entupido de apartamentos,
de galinha enlatadas,
de bois no espeto,
de carros amarrotados de gravatas fétidas,
de homens e mulheres vestidos
com a camisa da cbf
pato amarelo da fiesp imbecil,
do estrume
copacabana ipanema jardins
e seus habitantes pedantes,
que esqueceram
que como eu caminham
para a morte

prisioneiros das aparências
que servem pastinha
de maionese vagabundo
e caldo de casca de legumes
aos visitantes que estão com fome,
que trabalham apenas para pagarem
os condomínios de luxo
e no máximo do máximo
possuem em suas geladeiras
maconha palha
e cocaína pó de vidro
moído para se fartarem

fudidos habitantes
do planeta ilusão,
mamutes que fingem
que são bacanas
mas na real,
são mais mendigos que os mendigos,
vocês são os mesmos
que estenderam bandeiras nas janelas
para saudarem
os tanques da tortura em 1964


( edu planchêz )


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mundo cego de seres cegos


mundo cego de seres cegos,
de ouvidos e mentes limitadas,
estou farto de todos vocês,
da tua acomodação preguiça;
gentalha moribunda
que vive apenas para comer e cagar,
não percebe mas dorme
sobre as próprias fezes,
sobre os restos que a industria
da mentira gananciosa
atochou no teu rabo de tevê globo

e todos esses robôs mortos vivos
que perambulam pelas ruas
sem saber o que significa estar
sob um céu estrelado,
que nunca ouviu falar
de alma em chamas,
que nunca beijou o chão aquecido
pela morte dos passarinhos,
covardes


( edu planchêz )


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vivo


enterrado vivo,
sem espaço para criar,
sem pessoas para ouvir
e sorver minhas invenções,
foi isso que matou elis,
é isso que tenta me matar, porra


( edu planchêz )


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barrancos moles


no buraco que me deixa ver a árvore,
ponho o olho, a borboleta e o sapo;
vez por outra emendo as notas do ar
com as notas do ar,
e há terra movendo-se,
e há besouros plantados nas locas,
nos vastos trevos
que se parecem dedos

chamo o jaboti, a cigarra e a ema
para nas âncoras que lanço
com os pé pousarem seus ovos

e eu vivo na linha das coisas
que se abrem sobre o capim,
nos alicerces que prendem as plantas
nos barrancos moles
na venda dos céus compro
o que preciso para mover um sorvete
em direção a boca

( edu planchêz )


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A MORTE DOS RIOS


A morte dos rios,
da voz da irmã
Maria De Fatima Guedes
ouvi o que há muito sei,
rios podres apodrecendo
os nossos amores,
da terra aos seres do mais profundo

Nossas artérias e veias e vasos,
subterrâneos veios atrofiados
pela desmedida
dos que aqui pensam que vivem

E segue o bicho moribundo que boia
devorado pelo verme dinheiro
deslizando por dentro dos tubos
de cimento e sangue


( edu planchêz )


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o professor e o aluno
       ( ao professor Lúcio Valentim )


a poesia se torna im ( precisa )
pós devorarmos o peixe
da rotina,
do andarilho sono,
das capitanias amáveis ( ? )

que o professor e o aluno
de literatura gramática
se veja me veja
na roda dos signos

que essa assertiva caminhe
pelos rodos acadêmicos
embebecida com os arcos
vindos do cortume
da mesma e única aula

que você me tache de simbolista
surreal,
mas eu não ando assim,
não cumpro rituais
que me tranque
nas algemas de um mesmo cendeiro

a poesia da praia
de minha seara,
vertiginosa está
para que anote
em teus dedos cadernos
algo que a logica não toca,
não toca

( edu planchêz )


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abre


abre
o saco
q
guarda
a
Terra,
abre,
antes
q
a tampa
da
vertigem
se
feche

( edu planchêz )


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esqueletos das nuvens


nos rastros do que vejo,
imprimo,
toneladas de desenhos,
cortes de luas resgatadas
pelas lentes do eu
bem nas margens
vivas do guaíba,
sorvetes que sorvi
nos armazens de alegrete,
esqueletos das nuvens
de montevideo

elís regina, à ouço
derramando-me em lágrimas,
em rajadas de sangue,
movido pelo sentimento,
pela reflexão aguda
do que é ser mais que mulher,
do que é rasgar-se
vendida para os mercadores
de invenções

a que canta morrendo,
a que debanda-se aos cristais
feitos de ossos
pendidos nas gotas da chuva

você compreende?
não? sim? indiferente,
pois a que ultrapassou
todas fronteiras,
não mede passos
por dentro do abismo

passo a borracha nas borras
deixadas nas coisas
em que pisamos
vendo ou não,
não há como apagar,
não há,
nem carece disso

o vento que nos respira
e respiramos
contém as vozes ( nossas )
embutidas no vagão,
nas rodas do veículo
que leva para o fundo o rabisco
de nossas faces e bocas

( edu planchêz )


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agonia de ver um ser amado arrotando cigarros


agonia de ver um ser amado
arrotando cigarros, dói,
mas vos garanto
que minha decisão determinada,
o arrancará por amor dessa bomba
veleiro que se ergue
no fundo das trevas,
no poço da sensibilidade,
carrego em meus olhos o odor
do lótus do oriente de meu mestre
revolução humana,
revolução de fogo perfumado,
de idéias que hasteiam bandeiras
feitas de folhas
eu me rendo ao rochedo,
ao tronco da árvore maior,
aos precipícios
agonia de ver um ser amado
arrotando cigarros, dói,
mas vos garanto
que minha decisão determinada,
o arrancará por amor dessa bomba

( edu planchêz )

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Marcel Proust


Marcel Proust
movimenta-se com a chuva
dizendo
"Os dias talvez sejam iguais
para um relógio,
mas não para um homem."

( edu planchêz )

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pedras preciosas


nessa aguda hora
de dar e receber,
é que destampo o copo,
a jarra,
o pote,
a caixa,
o vaso de porcelana real

são pratos
e mais pratos abarrotados,
uma praia
que segundo minha mulher,
possui em vez de areia,
pedras preciosas
( protegidas ou ocultas,
por uma fortaleza natural
feita de altas pedras
e abundante vegetação ),
lembrando, fica na suiça,
na austrália, no méxico,
no zaire...

( edu planchêz )

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o homem edu planchêz


o homem edu planchêz
tem dores de cabeça
olhando para um botão prateado
( de roupas )
q está sobre o corpo da mesa
do computador

sobre o corpo
da mesa do computador
move-se o silêncio,
as efêmeras imagens de algo,
que fica a critério de cada leitor

leitor,
boa madrugada,
bom dia! bom mesmo é rever o rosto
q tive na hora
de meu nascimento

leitor,
( eu, você... )
ecoa no charme do momento
o zunido de uma cereja
aberta para os olhos
dos que nada entendem,
para o delicado deguste

e vou soltando os nós
ao expor o que está nas dobras,
nos contornos dos neurônios,
na solidão molecular

estivemos ( eu e catarina )
nas areias águas
do recreio dos bandeirantes
por toda esse domingo tarde noite,
areia cor de ouro,
cor de gente simples,
de amigos
aqui de jacarepaguá mesmo

o sono das lagoas ( de nossa região )
acalenta jacarés papo-amarelos,
peixes que não sei o nome,
capivaras, oásis e desertos,
mananciais de múltiplas espécies

( edu planchêz )


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 constelação canário


se você ler apenas com os olhos
o que escrevo, nada leu,
ficou a ver navios,
não penetrou na cerne,
nos meandros revoltosos,
na calmaria, nos arrecifes,
nas plataformas conscientes
dos assombrosos filmes
gestados pelas pontas do universo
dos peixes soltos
dentro da constelação canário

( edu planchêz )

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morango

morango,
deidade vinda de uma planta
diluída no leite da pele

(edu planchêz )

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videira que flutua


o dia que ainda está congelado
dentro de mim,
eu o derreto por vontade própria

desatando nós, estruturas aferidas
pelas vivencias, relações, pontos invisíveis,
a maçã podre que deve ser vomitada

vomitar a maçã
sobre a maçã
sobre o nosso coito

vinde artista intra-celular
intra corpito visto pela mente
dentro do dentro do dentro,
nas sacudidelas dos frutos da videira
que flutua

( edu planchêz )

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poema de agora 


avenidas com suas entranhas 
tomadas por balas de borracha
e gás de pimenta, 
pessoas desorientadas 
invadidas em suas almas-cidadã
pela covardia dos que nunca pensam
no próximo

e é o pus e o catarro 
do país adoecido,
brasil demente
do nunca futuro,
dos que se acham melhores 
que os outros,
dos que estão certos que podem
ter só para si

ladrões inocentes
você são o pus
que jorra 
para a cura acontecer 

( edu planchêz )

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Move-se o carro 


Em 25 de maio de 1265 
nasceu Dante Alighieri,
em 26 de outubro de 1959 nasci

Move-se o bicho de 35 olhos,
move-se o calendário,
move-se a avião dos sacis,
move-se o carro que leva o mundo

Ovídio, meu pensamento,
a cor da cortina, o algo, a ponte,
o que nos guia
por essa planície de acontecimentos


( edu planchêz )  


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APÓS


após o sono hibernal dos insetos...
após ranger mais uma vez os olhos... 


( edu planchêz )


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grãos de idéias 

gigante de pedra, eu pedra,
palha para construir,
prender os cabelos nos cabelos
do gigante que esqueceu seu nome
no meu nome,
poeira, grãos de idéias

na face oeste da constelação
donde vieram "eles"
mora o que não posso dizer,
o que não devo racionalizar

( edu planchêz )


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liberto 

me comunico com o comunicar,
tendo as costas expostas 
nas correntes aquecidas,
nas velas que não seguram os ventos
do sentimento liberto

( edu planchêz )

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artes dos grãos 

remo nas cavidades, nos meandros, 
nos confins, no demasiado
( árvore de luz carmim debruçada sobre o túnel 
que me liga aos pássaros do que mais quero )
árvore do sempre, das ranhuras azuis,
dos frutos maciços, 
de meu amor róseo
e o carro erguido com a água dos templos,
desliza, se ancora na amora,
nas artes dos grãos

( edu planchêz )


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arranjos florais 

antônio eduardo 
planchêz de carvalho, 
flecha de ouro e diamantes,
avançando, avançado, 
ao além do além dos tremores
de todas as avalanches

e rodam os planetas em torno da chama 
que acendo clamando o iluminar-me
para que se ilumine
para que outros e mais outros se iluminem
para todos se iluminarem

sob a mina azul de ti
despejo calores e afagos

as marcas do sempre fazer nos guiam,
nos unem ao centro,
bem a margem do rei rio

e os deuses que são funções intrísecas do viver,
ao orarem unem as mãos e se ajoelham,
estampando nos largos céus, figuras,
formas mais que lucidas,
arranjos florais

( edu planchêz )


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ESQUADRILHA

esquadrilha da fumaça, 
eu, minha mulher 
e o resto da raça 

( edu planchêz )


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O FRIO


O rio de janeiro abraça o frio,
junho se expressa 
pelo sul hemisfério
de minha cabeça

( edu planchêz )


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edith piaf deusa 

e o poema do frio junta todas as suas forças 
nos caules das árvores,
nas fronteiras da mais forte noite mais que especial 
de minha casa de ruas e rascunhos 
de longas frases

e essa escrita automática pouco pensada, nada pensada, 
escrita sob as golfadas do cuspir idéias,
do cuspir aranhas antenas,
arraias antenas, capivaras que sinalizam 
para os carros que passam
pela lagoa da barra da tijuca

e eu escrevo assim rápido porque o rápido não filtra
ou quase não filtra o fluxo,
o jorro do que nem sei o onde se chega,
e onde não se sabe onde se chega
vivem os mistérios, os anéis de carnes e luzes,
o gato verde do enorme sorriso,
a menina do reino subterrâneo 
de minhas caras e bocas

jacarepaguá, estrada dos bandeirantes,
no apartamento que foi de meus pais,
na sala cheia de livros e instrumentos musicais,
admiro minha mulher catarina crystal cantando
acompanhada pelo pianista matheus nascimento
uma canção de edith piaf deusa

( edu planchêz )

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FODA

caetano diz, "djavan é foda..." 
sou foda, zarvos é, 
el khouri é, c crystal é, tanussi é...

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A CORDA

desenrolando a corda, 
o fio do macarrão 
que servirei ao meu magnifico amor

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pelo arame que costura o cu no cu 

e os que não tem raça,
estão unidos pelo umbigo,
pelo selo das artes esdrúxulas,
pelo arame que costura o cu no cu

e esse verme chamado criar,
procria-se para o medo
dos que desejam comer o nosso fígado
assado no espeto de cobre

nenhuma raça se expressa
no balé de baryshnikov
que enaltece e despreza
todas as raças...
ele flutua porque flutuar é...
feito para os que germinam 
entre o limo e a luz da água,
entre a gosma e o relento 
dos que nunca olham para impossível

e se há algo perfeito,
é a minha escrita descomunal,
o absurdo de minhas mãos 
apalpando os seios 
do irreversível papel
que usas ao afundares
comigo nos esfumaçados panos

( edu planchêz )

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cofre de vento que guarda o lampejo dos vaga-lumes 

vim das trevas, da profunda noite de quase tudo,
me arrastando pelos breus, pelas ruas, pelas salas, 
quartos e varandas, 
dentro e fora do espaço do muito antes

nas jangadas de urânio, 
atravessei e atravesso o espelho
das águas submersas 
nos poemas que são nossos pés
abissal vida atada ao corpo que tenho,
ao lodo maciço onde vivem os ursos,
a eterna neve, à qualidade do que escrevo
longe do que é impuro

minha literatura se move vencendo o tempo,
exercício livre de rever e esquecer,
de olhar para o delicioso poço,
para a moenda de palavras e sons 
que não são palavras,
e são palavras, não ditas pelos homens,
e sim pelas coisas,
o chão fala rezando junto com os trovões,
ao lado do cofre de vento
que guarda o lampejo dos vaga-lumes

( edu planchêz )

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nômade 

nômade, eu e ela, atados ao que é, 
e ao que há de vir, 
pela surpresa, 
pela nossa decidida vontade,
vontade maciça de ir em frente,
ventilando, fomentando, alinhavando, construindo
situações, estruturas para navegarmos 
nossas artes, nossas fomes, nosso cúmplice amor

( edu planchêz )

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gemas partidas 

em blocos de gelo,
assim acordei,
entre os cinco polos da terra,
berra o sol, berra a corte do rei azul

no óleo, nas gemas partidas do ovo,
nos ouvidos que tenho nas armas da cabeça,
estrela a malva, o hortelã, 
as ervas que nascidas nos mares do nepal

e toda a criatividade captada por minha centelha,
se arranja pendida para o lado que chama o calor,
o forno das pedras, a fogueira da alma dos peixes,
o girassol do muito

e eu sou esse poeta que se derrete
aos poucos, aos muitos,
aos borbotões, aos vômitos
parte das pedras, das dunas erguidas 
nas túnicas do degelo,
morrem para nascerem brancas
no negror das muitas existências

( edu planchêz )

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OIRO  

e ela tem uma coisa redonda flutuando 
no oiro da cabeça,
a arte de manter o penacho vivo
sob o ventre 
é mais que dança de chuva,
mais que arara subindo no fio 
da eletricidade

( edu planchêz )

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Sob as saliências da terra 

Lord Byron, irmão,
sob as saliências da terra
evoco a matemática,
os números do aprimoramento,
o que reparte e uni

Sob as Leis 
do primeiro e do último artigo
que escrevi na brancura de meus ossos,
moldo o cimento do jamais desistir
para nas amplas páginas
que largo nos barcos 
mover a fonte
que guarda a consciência
de se ver no lago de antigamente,
no lago dos que estão além do que é pensado

Lord Byron, estimado,
dentro das costuras
de nossas vestes de videntes poetas
há um pássaro que conta nos dedos
os dias e as noites,
as estações que não são essas 
que vemos nos calendários

( edu planchêz )

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revela-me em segredos-luz

desmanchando os nós 
do sentimento carrapato,
do sentimento ninho de aranhas-demônios

derramo-me em lágrimas pétreas,
sou humano tal qual você
e os alfinete 
que moram na cabeça profunda

tal qual navelouca vertida em amendoim ainda na casca,
aro de trapézio, perna de bailarina,
nariz mergulhado em polem,
eu foguete parido em cenas.
edições e mais edições
movidas a conhaque e maconha,
movida pelas orelhas de pasolini,
pelo vão central da ponte da astucia

revela-me em segredos-luz,
em rostos e mais rostos,
em paisagens submersas

( edu planchêz )

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saberes que só os lisérgicos conhecem 

besouros nadam no azeite 
esquecido das igrejas, 
dos templos, das cabanas...
besouros nadam, 
e nadar é dizer para as moléculas

versos, armações feitas de metal e luz
movidas pelo quadrado das bocas,
das guelras, 
do ânus, da vagina, 
do pau que toca a louça-pele
para se reinventar
dizendo ao super-homem de nietzsche, 
indecências serenatas amores,
saberes que só os lisérgicos conhecem

( edu planchêz )

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revela-me em segredos-luz 

desmanchando os nós 
do sentimento carrapato,
do sentimento ninho de aranhas-demônios
derramo-me em lágrimas pétreas,
sou humano tal qual você
e os alfinete 
que moram na cabeça profunda

tal qual navelouca vertida em amendoim ainda na casca,
aro de trapézio, perna de bailarina,
nariz mergulhado em polem,
eu foguete parido em cenas.
edições e mais edições
movidas a conhaque e maconha,
movida pelas orelhas de pasolini,
pelo vão central da ponte da astucia

revela-me em segredos-luz,
em rostos e mais rostos,
em paisagens submersas

( edu planchêz )

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rajadas de vento medieval 

rajadas do vento medieval
eletrizam meu cavaleiro andante,
minha capacidade de rosnar sendo lagarto
dentro das narinas do bufão
que encontrei na feira,
no farnel das mil e oitocentas espigas flor de cânhamo

rajadas do vento medieval 
tomam todo o pátio, o sótão,
a arraigada enguia da multidão que me povoa,
e são imagens simples para eu mesmo ver,
despetalar pelas finas cavidades
do terreno alagadiço 
de estrelas-serpentes-sonatas

( edu planchêz )

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FILHAS (OS) DE PORRA NENHUMA 

Apago todas as minhas palavras com palavras,
já que não paro de falar, 
que a tagarelice se opõe ao meu silenciar,
e é entre as palavras que encontro silêncio,
que abro um novo portal,
estou a empurrar a emperrada porta da existência,
The Doors 1967 rasgando os nenhum motivos
para manter vivo em mim o último passado 
de paixões complexas,
Jim Morrison grita, eu grito,
grita Diego El Khouri e Alvaro Nassaralla,
grita Tiça Matta, grita Catarina Crystal, 
grita Rosa Maria Kapila 
e todos os outros filhos da argila

Nascidos no barro, na borra, 
na mancha alucinada William Burroughs,
nascidos e morridos,
em decomposição composição cósmica humana

Viemos da fumaça da mais deliciosa maconha,
agarrados no rabicho, no filete da lâmpada,
ou mesmo das catapultas das paredes
do cérebro metáfora Renato Russo...
e o Doors segue solto
pelas flanelas orientais 
que nos acaricia 
o sexo e os ouvidos

Mas voltando a tagarelice,
e o silêncio estrondo ejaculado por ela,
voltando ao pináculo da alta floresta do darma
de nada fazer sentados nus no muro das herdades

Pelos meandros dos esmiuçados olhos
que nos unem ao porrete, a porra,
ao dramático e arrombante rock sem pai nem mãe
E foda-se essa civilização eunuca 
gestada pela gosma televisiva;
que todos se dopem com essas palavras
arrombadas filhas de porra nenhuma

( edu planchêz )


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moro com minha princesa-cantora 

na roda-gigante-cidade, 
moro com minha princesa-cantora,
presente que a tecnologia do amor-substancia meu deu,
derramou sob os fios marinhos da solidadão que me abraçava
por décadas e mais décadas,
por ostras e mais ostras que trancafiquei no despensamento,
no oscilante coração dos monstros-temporais

agora revivido, renascido no chão dos metais,
na melodia que a voz flor de cerejeira de george harrison
salpica via som de tv, transcendental música,
transcendente eu, 
você e os montes erguidos cá em minha frente
nessa jacarepaguá do meu nascer
( moro com meu amor no solo onde nasci 
para essa existência poema de todas as outras existências)

oh jardim plantado por ventos e pássaros!
oh mãe de taças vermelhas que se elevam para o além 
dos mares do aqui perto mar do recreio dos bandeirantes!

( edu planchêz )


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Trás-dos-Montes 

Trás-dos-Montes cidade natal 
da querida Mãe 
de Paulo Rafael Pizarro, 
há alguns anos Paulo Rafael Pizarro,
me disse que sua Mãe havia voltado para Portugual,
para sua terra natal,
eu me vejo hoje assim, morando em Jacarepaguá,
lugar que esse irmão também nasceu


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poucos são os que voam até as estrelas 

esse vento, essa cidade, a civilização perdida, 
esse sistema de armadilhas nos envenenou, 

nos tornamos seres-pessoas doentes,
quadrados-anti-delírius, coisa feia que fede a dinheiro,
a fim de mundo, consumidores de rivotril fanáticos,
sem deuses, sem pedras rosas adornando nossos pés

vi um vídeo ontem, onde rajneesh falava que a maioria,
se arrasta do nascimento a sepultura sem nenhuma dança,
sem nenhuma experiência mágica, 
poucos são os que voam até as estrelas,
é uma existência que caminha do nada pro nada,
algo mais que perdido

( edu planchêz )


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de nossa avalanche 

george harrison in my sweet lord,
trombetas do nosso soberano sexo,
de nossa avalanche, fusão de arte à arte,
arte de guardar no vento a extensão das estradas,
dos quilômetros arranhados pelas fotografias moveis
de nossas patas de pássaros bisontes búfalos

e o rio do futuro de antigamente...
trafega nas linhas reais do que sentimos
por todos esses anos de magníficos experimentos
parte de mim você mago fada faiscante,
menino menina da medida subterrânea 
dos olhos de jack kerouac nosso irmão guia abissal

( edu planchêz )


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SAGRADOS ELEFANTES 

Universo cantor,
dançarino, plástico artista...
Esse filho teu vos saúda
no ventre da princesa
manhã ainda nascente
com seu corpo
feito de flores
em formato de mariposa

Um dia pleno,
um dia plano,
uma aurora para cada habitante,
um horizonte de águias,
muitas girafas,
bilhões de naves
iluminadas por pirilampos,
estrelas cadentes sobre vossa pele...
guiada pelas corujas
e os sagrados elefantes

Você na garganta poderosa do elefante,
o elefante em tua garganta: marfim-corpo-tromba:
nessa baixa alta hora, nesse vago e acachapado dia,
nessa hora onde não morro nem nasço,
nesse colosso, nessa astúcia,
nesse punhado de grãos ofativos,
grãos esses que nos atraem
porque o atrair contém os pincéis de Vénus
e as canduras do Cruzeiro do Sul
e do Cruzeiro do Norte

Mais um vez o sapiente elefante ergue suas patas
para apanhar os planetas que andamos cuspindo
pelas paisagens e pelos canteiros,
sobre o alicerce dos olhos do tudo ver

Por sorte possuímos o navio, o vento e a âncora
Por sorte esmagamos as aromáticas ervas
sobre as potencias do fogo parido
pelas asas de pégasus

Debruçado sob os beirais das eras...
sob a pele áspera e felpuda do ancestral paquiderme...
avô-bisavó-tatára-avó...
desses seres que desfolham suas asas orelhas
por dentro da correnteza do que penso

O mamute penetrante do gelo penetra com seus urros
o meu pensar sobre mamutes...
e sei que erro e acerto,
caio, penetro as geleiras de mim mesmo
atado aos cordéis do amor que redigi nas paginas
de meus próprios órgãos no montante da vida única
tramada pelos muitos corpos que usei
para chegar até a esses dias de sol e lua

Tua boca é a sintaxe de todas bocas que beijei,
é a amarela cor da generosa mina
de todas as minhas andanças

Elefantes saídos dos oráculos
baliam sobre a grande roda dourada
de nossas cabeças sententrionais-meridionais,
longe e dentro da chuva, do sol que nunca cansa,
em nossas mãos apanhadoras de frutas tâmaras

Esse é o tempo que se estala, ovo na frigideira,
farnéis de especiarias,
especiarias essas, que divido com você,
sonoro rei,
sonora rainha da dinastia das orquídeas
e das rosas
que nunca somem na transparência das coisas
que somem

Se sumo aqui,
apareço no esfera de brilhantes que ora oscila
em teu pescoço

Vencendo estradas,
escudos de espinhos
por minha própria vontade arquitetados

Sou o homem poeta esticado no eixo da Terra,
no eixo da via láctea...
para que você e as milhares de ervas
sirvam de ninho para os pássaros e para os insetos
que arrastam as estações
em suas patas cobertas de polem,
nectares e relâmpagos

O amor que trago por ti penetra as densas nuvens
e as arestas das intransponíveis muralhas
que há muito impediam a chegada do valente vento

Você nua, cercada, coberta de margaridas e e girassóis,
ouro branco,
lençóis de seda importa de nações africanas,
de estrelas longínquas, de beijos inacabáveis

Volto aos elefante e suas sagradas peles
de matéria estelar,
elefantes que trouxeram de dentro da lama, do charco,
do bom e do mal tempo
as pepitas que ora despejo sobre teu rosto,
sobre as camadas tênues de teu ventre âmbar,
almiscar, jasmim, massala...

No centro do centro da Terra
No centro do centro eu você
No centro do falcão que se esparrama
nos contornos da língua quente


(edu planchêz)


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maiúscula sede 

no zênite, 
da maiúscula sede
de arredondar o olho
bem na hora,
bem na matéria radiotíva
que se aninha em minhas cordas de aço
para vermos mais que chover onças
no retorno das estrelas para a terra

eram os deuses astronautas 
trazendo nos anéis do desfora do tempo
a nunca resposta, a possível verdade,
o que jamais se pode duvidar,
o que jamais se pode duvidar?

( edu planchêz )


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com a brisa branca 

falei para minha mulher, 
que depois que ela dormisse, 
continuaria escrevendo viajando
para curar o espirito 
com a brisa branca
da atenas de sócrates

( edu planchêz )

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pendida sob os varais de nossa rosas-cabeças 

amarrado aos brilhantes 
vindos dos hinos 
entoados pelos corais,
escrevo o que escrevo sempre pensando em você,
para você que sou eu olhando para mim mesmo,
voltando ao assunto, aos brilhantes,
aos hinos entoados pelos corais,
me posto de frente, de lado,
voltado para o ponto,
para o ponto inicial,
vendo folhas voarem

pelos livros antônio eduardo planchêz de carvalho
apalpa os muitos chãos, as datas de nossos aniversários,
a virgula movida pelas mãos da fumaça psicodélica 
pendida sob os varais de nossas rosas-cabeças

( edu planchêz )

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com meus camaradas joguei dominó,
dei um trago no cânhamo misturado ao tabaco 

revirando as tripas do breu do aqui luz,
no azeite do homem 
revirado pelos alicates e bisturis

eu ser remendado,
emoldurado por curativos,
pétalas que me cobrem os talhos
construídos pelos exímios cirurgiões

quatorze pontos fecham os túneis 
cavados em meu ombro direito,
desenhos da minha particular lenda.
relógio das ricas horas
que passei com os camaradas
que conheci no hospital lourenço jorge

e comemos biscoitos
e comemos rabanada dia 23 de dezembro
antes de dormir,
após a falha tentativa de operar-me
pós estar anestesiado 
e em sono profundo
( a máquina de perfurar ossos,
resolveu deixar de funcionar
bem no momento d'eu ser cortado...

dois pinos de titânio 
seguram, prendem meu ombro ao braço,
os ligamentos haviam sido rompidos
pós a queda da bicicleta
em plena estrada dos bandeirantes...

com meus camaradas de leito joguei dominó,
dei um trago no cânhamo misturado ao tabaco
para que ninguém notasse o que fazíamos
no pátio das ambulâncias,
nessas noites de quase desespero,
o delírio é um aliado,
diablito necessário, a ponte, a lente

juro saudade de toda a equipe
que cuidou de mim e de meus camaradas,
dos maqueiros, das enfermeiras e enfermeiros,
da farta e deliciosa comida,
das agulhadas constantes,
do sabor da dipirona intra venal.
de ter que dormir com dois cobertores
por conta do intenso frio das enfermarias,
frio esse, que evitam que as bactéria se multipliquem

a morte dos corpos guardados em sacos plásticos,
a silenciosa morte dos que se negam a ajudar,
dividir tudo, dos seus leitos. a solidariedade do irmão,
da irmã aos que sofrem ao nosso lado

( edu planchêz )


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sendo urso 

e vou falando 
porque é falando que esboço 
no impalpável um desenho,
uma estrutura,
um receptáculo, uma forma,
a caixa para caber o balão de sonhos
das aves expostas nas luzes rosas

e é manhã aqui nesse rio de janeiro,
nessa jacarepaguá vargem grande camorim
de rastros cor de prata
e viva a lisa folha refletida 
em meu peito recreio dos bandeirantes!

cheio de vida, cheio de sorte
operário da palavra
bhuda em folha, budha novo,
bolas de ar soltas no chão,
antenas à captar

sob o formato molúsculo azul
volto ao sono,
ao solstício de inverno
sendo urso

( edu planchêz )

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vivencias vertigens 

da penúria ao avanço imemorial,
carioca paulista,
cidadão word refinado esdrúxulo,
artista da realidade absoluta, 
macaco aquático bebendo o mar num único gole

mergulhado na cera do ultraje,
nas vivencias vertigens
do que é conquistado com um cajado de estanho
aqui mesmo nesse mundo,
nessa reta esfera de acontecimentos,
de partidas e chegadas

se respirar bem fundo,
compreenderá o que falo,
o que se move na gema do ovo
e na esquadra regida por Plínio e Dante

no cérebro do poeta,
corre a lancha, o mar de Marica,
o horizonte que se edifica no fundo dos filmes,
nas cenas centrais do último tango
e nos desfechos do que ainda será escrito,
por mim, por diego el khouri, guilherme zarvos...

( edu planchêz )


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ela ordenha

ela ordenha 
o pau da estrada 
do homem na estrada 
do leite 
na hora do leite

( edu planchêz )


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nu ao pé da letra 

falava para mim mesmo 
da front poesia,
da flor talento 
de Guilherme Zarvos

por alguns anos fui residente 
da casa do estudante universitário CEU rj,
lá aprendi ser nu
ao pé da letra

Zarvos trabalhou com Darci ribeiro,
viveu iluminações com o Mestre,
sinto uma inveja bonita


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de mãos dadas a mais linda mulher dessas americas

estrada, 
transporte fértil de idéiações,
eu guia dos labirintos,
mágico de aberturas dilacerantes,
portador do sinto sagrado, da espada de cometas,
dos escorpiões de ouro loucos de perolas,
sorvetes da nova sempre cena,
do cenário trapézio rolante
que é se alucinar entre rio de janeiro e sãopauleira 
de mãos dadas a mais bela mulher
dessas americas

(edu planchêz )


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minha cauda de veludo 

minha cauda veludo maçã respinga na tua,
minha mulher girassol, dama tatuada no meu pincel,
esposa magnífica de todas as horas,
de todas as fomes e farturas,
de tudo vivemos, entrega mais que entrega,
românticos mais que românticos

 ( edu planchêz )

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pássaros em formato de pirâmide 

micos me acompanhem
até a última nave irmã
aportar cá no campo da visão,
da visão ultra visão,
ultra capacidade de compreendermos,
de dilatarmos os cinturões dos olhos para ver

movimento, o sempre movimento
impulsa as forças antagônicas
motoras nos moinhos

o sábio corvo, 
ao chamado sábio,
sobrevoa as linhas sustentáculos
dessa casa das muitas invenções

eu, inventor de inventos 
que se espalham 
pela pineal dos rebentos

se você assim como eu,
observa atentamente a voz 
que vem das frutas, das pedras,
dos locas dos peixes,
dos pássaros em formato de pirâmide...
compreende a fundo tudo que aqui digo

( edu planchêz )

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O Gênio


O Gênio Catarina Crystal
envolta em uma colorida nuvem
entra em minha amor garrafa,
na garrada da música,
nos palácios do trumpet de Miles Davis

( edu planchêz )


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O poetinha

O poetinha de quase nada Edu Planchêz
sabe que quase tudo cabe na nave da cabeça ,
que quase tudo flutua,
por vezes sente-se menor
por beijar uma árvore
e ser taxado de demente
mas logo lembra que vive entre mentes-ocas 
e segue feliz afagando plumas rosadas
de capim mimoso,
capim esse que o biquinho-de-lacre usa
para tecer seus balaios ninhos

( edu planchêz )

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e me caso com o arco-iris 

meu medo de ter medo de ter medo...
de mergulhar nas sombras, 
nos fantasmas de meus fantasmas,
é algo aterrorizador e desafiante,
é nesse momento que tiro a tampa das bisnagas
que guardam as tintas da fé

e me caso com o arco-íris que vi nessa tarde
ao passar de ônibus ao lado de minha mulher
pela linha amarela

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adorado amor 

fora do ar, 
fora do tempo dos ponteiros,
mergulhado no além,
no alem da mentira,
muitos acham que minto,
minha dama muita vezes compreende
que vivo contemplando outras mulheres,
respondo, um ser que chegou onde cheguei,
vive numa outra dimensão,
a dimensão do grande amor,
do grande amor eu e você,
você me completa em absoluto,
eu à amo, e afirmo isso à terra,
ao sangue que corre na veia de todos
e de tudo

adorado amor, você é meu amor único.
acredite

( edu planchêz)

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vaso de cerâmica doirada 

nem igual nem diferente,
mergulhado no vaso de cerâmica doirada, 
nas barcas que se elevam nas corredeiras

segue o homem e o trem,
o morcego e a ave do crepúsculo
rumo ao definitivo,
ao que nos cobre de plumas

permaneci poeta
para viver o que vivo,
para provar o gosto dos frutos

bem perto do portal dos ventos

na outra ponta,
a casa dos espelhos
do seu rosto 
e do meu rosto  

( edu planchêz )

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a desenhada pele das serpentes 

os cantos de maldoror,
de jacarepaguá, 
dos arfantes sinais
que me vêm a cabeça
ao ocaso de estelar matéria

matéria estelar, matéria,
dos utensílios,
a desenhada pele das serpentes
servindo de mandala
para que essa noite se torne perpétua

( edu planchêz )

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afirmo ser na terra o trono dos que se consideram grãos 

beterraba, cenoura, batata doce,
chuchu, jiló, berinjela, louro,
pimenta calabresa,
gengibre, orégano, pimentão verde, cebola, alho,
leite, sal, azeite de oliva, óleo de soja:
tudo isso bem untado 
no corpo da panela elétrica,
virou manjar, alimento regente

visto minha túnica de gala
para me fartar,
para receber do azeite & seus companheiros,
o maná gastronômico,
as iguarias da frança antártica

novíssimo continente,
por toda a seda
e trajes de veludo,
pela maciça chuva de vozes
advindas da fina arte
de tecer construir belos pratos:
afirmo ser na terra o trono
dos que se consideram grãos

( edu planchêz ) 

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a desenhada pele das serpentes 

os cantos de maldoror,
de jacarepaguá, 
dos arfantes sinais
que me vêm a cabeça
ao ocaso de estelar matéria

matéria estelar, matéria,
dos utensílios,
a desenhada pele das serpentes
servindo de mandala
para que essa noite se torne perpétua

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o inseto que rodeia meus ouvidos 

rio de janeiro sem fronteiras, pasmem,
é o inseto que rodeia meus ouvidos,
na batida forte dos nossos
sangra o melhor rock,
a melhor vodca,
a fumaça mais perfumada

( edu planchêz )

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edu planchêz 
     rinoceronte 
       salvador dali
catarina crystal
     gazela
             gala  

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catárticas invenções 

trinta cambalhotas da letra A
diante das armadilhas do vento
caçador de vento
e de descomunais redemoinhos

nada mais represa o que grito,
o que derramo, 
o que mastigo,
o que ponho nas páginas,
nas alas de entrada,
nas arcas da saída

waly salomão me visita 
via filme "pan cinema permanente",
muitas palavras, formigueiros de palavras,
palavras cupins, palavras bichos-de-pau

e heloisa buarque de holanda
sairá da universidade entranhada
nos versos que ergo pelas vagas,
pelas aberturas que me levam a ana cristina cesar
( poeta que me levou ao despertar, 
após ler alguns de seus poemas,
rasguei tudo que até então escrevera )

ana cristina cesar me matou,
eu morri para os meus rabiscos iniciais
para largar o dedo na metralhadora
das catárticas invenções,
dos banquetes avassalares

só quem cuspiu velas acesas
sobre os olhos da água
pode saber o que significa
cuspir velas acesas
sobre os olhos da água  

( edu planchêz )

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na beleza de alice
que ora se expressa em minha mulher catarina crystal 

raiz quadrada 
do quadro extinto pelo pincel,
pelo pintor que imagina estar pintando,
no fundo ele está apagando 
com novas formas
o que nunca fora pintado;
rediga o contrário
se fores capaz de engolir
o montante dos vulcões 
expostos sobre as muitas terras

e antônio eduardo planchêz carvalho
se imagina poema,
reunião de pássaros e meteoros
sob a menor partícula da matéria

moléculas menores e maiores
que a centelha pensada,
vista e materializada por levis carrol
na beleza de alice
que ora se expressa em minha mulher catarina crystal  

( edu planchêz )

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espantalhos filhos da palha do milho 

com a brasa que cabe na boca
absorvo o solavanco das ondas,
emergido no éter azulado dos sons,
emergido na fusão de líquidos
advindos de nosso transe

lua vestida de penas,
espantalhos filhos da palha do milho,
maçãs colhidas por mãos macias,
por mãos pares das minhas

sombra branca de palmeira celeste,
sombra, sombra vidente,
de reis, majestades diamantes,
rainhas desenhadas

( edu planchêz )

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ENEBRIANTES

ao vale do silício, ao vale do paraíba, 
ao vale do voo de minhas auras, 
ao vale dos encantadores de anfíbios,
ao vale dos que caminham resolutos por dentro,
ao vale dos totalmente enebriantes

( edu planchêz )

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ESSAS RUAS QUE NÃO SÃO AS RUAS DE 1928 
E QUE SÃO AS RUAS DE 1928...


E essas ruas que não são as ruas de 1928...
e que são as ruas de 1928...
conhecem meus pés de madeira,
conhecem e desconhecem minha fama
de não possuir fama

Diz meu filho: " Edu, põe a roupa"
E eu ponho a roupa de todas as leituras
que fiz e que faço do que não deve ser lido
E tenho e tinha a missão de torcer
os nervos do planeta que me ignora,
e que por muitas vezes também ignoro

E vejo Jack Kerouac, Allen Ginsberg
e Diego El Khouri entrarem pela porta
que inventei na parede que existe
apenas na imaginação dos que negam a imaginação

Imagino ver uma grande bolha de palavras obscenas
( na compreensão menor)
despencar das nuvens sobre as casas,
sobre as pequenas famílias que se fecham
para as outras famílias que são também suas famílias

Estou no Brasil, no túnel do tempo,
na entrada e na saída
das correntes que controlam os oceanos
e os ares que sobem para além das últimas
camadas da atmosfera

Não sou um avião,
um homem, uma ave,
um roedor infiltrado nas costuras das roupas
dos que seguem o apito das moedas,
dos que sobem no muro do progresso
protegidos por tanques

( edu planchêz )

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O AR

O ar, minhas luvas, 
a plumagem que adorna 
meu util corpo
pelas primeiras horas da manhã

( edu planchêz )

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eclipse, na totalidade da alma e do corpo

eclipse, na totalidade da alma e do corpo,
revolvendo terras e outros entulhos,
os cavões do que há muito foram incinerados

cinza e tremores, de paixões opacas ou mal calculadas
( e há como se calcular paixões?)

esse ser arrebatador que sou enlouquece num corpo,
numa jóia fêmea,
e treme mesmo, sem culpas, mas com dores, 
encantos e reflexos de medos

por horas me escondi no sono,
nas carolhas da flor dos que dormem,
quis diluir as monções e os barcos,
os ventanias do novo e do ancestral

continuo montado na flecha do sabor,
nas cochas da dama elevada,
atriz de nenhum papel

sou o homem que não passa,
único no mundo, deixo e levo saudades,
cultuo beijos e marcas,
lençóis terrenos, perfumes e cabelos

eu choro por não te ter, falo comigo,
falo com ela, falo com você

(edu planchêz)

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"A velha chama"

Joka Faria,
as mil e uma noites nunca deixaram 
e nunca deixarão de cá estar, 
os meandros das florestas não são uma realidade paralela.

Sei que muitos Rimbaud's se contorcem no animato 
e a "velha chama" cantada por Tom Jobim 
permanece inalterada em mim, em ti, em Diego El Khouri,
nas humanidades de Bete Souza... 

Sejamos o espelho para que todos se vejam: 
certo dia nos vivos anos oitentas, 
Irael Luziano e um de seus irmãos, 
entrou no "shopping centro" 
da cidade em que vives ( são josé dos campos ) 
mostrando para as pessoas as suas próprias faces, 
suas identidades ocultas 
por esses olhos nossos 
que não enxergam mais que um palmo 
diante de nossos narizes melequentos: 
durante esse áto de Irael Luziano e seu irmão, 
um vigia foi chamado para reprimi-los, 
conta Irael Luziano, 
que eles quebraram o espelho 
na cabeça do mal pago pau mandado homem 
e saíram correndo: 
o que poucos sabem,
é que ao ser quebrado sobre o crânio humanoide, 
o espelho libertou os infinitos pirilampos 
vindos do começo e do jamais fim do mundo. 

Joka Faria, somos filhos desses pirilampos, 
desses fantasmas 
que para o sempre vivem descascando a sonora laranja, 
os sonoros planetas, as laranjas-cabeças nossas. 

Porra, nem tudo está perdido ( e tudo está perdido), 
nem tudo virou bolor 
( mas é do bolor do novíssimo pão de Van Gogh 
que irrompe a grande sangria 
que nos resgata do fundo dos charcos, 
de dentro da pedra necrosada 
que cresceu por descuido entre os miolos 
das nossas muitas mortes e renascimentos). 

Estou muito pior, estou muito melhor, 
estou para além de todos os amores, 
nas flores genitálias vivas perfumadas 
de todos os amores meus e teus, 
estou no sol e estou na água, 
já não tenho limites ( e tenho limites).

O antigo medo e o atual medo vez por outra me rondam, 
beijo a boca da luz, 
beijo a boca das trevas 
e vejo o filme "Cidade Oculta" 
que tem direção de Carla Camurati 
e trilha sonora de Arrigo Barnabé
( que também é um ator, um dos personagens da trama)


( edu planchêz )


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nas chamas das amebas 

a poesia de merda dos poetas de merda se espalha 
pelas mentes dos consumidores de merda,
das as-anittas só bunda, do pagode sertanejo 
dos q querem transformar o brasil no texas,
e foda-se se você morreu para o pensamento elaborado,
se tem o propósito vazio de mergulhar nas chamas das amebas

( edu planchêz )

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se você pensa que glauber rocha morreu

se você pensa que glauber rocha morreu, se engana,
ele se reintegrou em mim, no q penso, no q sou; 
sou marginalizado em meu país, não importa,
os melhores e os maiores são meus aliados,
cúmplices astronômicos da irmandade 

( edu planchêz )


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diego el e o cachorro

diego el e o cachorro, 
o cachorro e o diego, 
dois satélites movidos pelo vórtice azul 
dos anéis amáveis do som

( edu planchêz )


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ocultas 

gratidão verdadeira cheia de charme 
e ciências ocultas 
da alma pedra de fogo

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artistas, falei artistas, não coisas fabricadas 
pela industria cultural, são sagrados, 
ajoelhe-se diante deles, são deusas deuses,
mestres do tempo, da época, 
deixes-os de fora de teu ódio

 ( edu planchêz )

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fogueira p essa gente burra sem alma social, racistas são eles, defendem seus próprios interesses e foda-se o resto das pessoas; nd sabem sobre o brasil, nd mesmo, ignoram completamente as lutas de classes, n sabem o q é mãe, filhos, fome, sertão, favela, enchentes, campo, macumba e carnaval; essa gente não é gente, nem bicho, apenas seres egos-egoísta selvagens q nem deveriam ter nascido, n os odeio, apenas lastimo a existência de seres tão mesquinhos que vivem apenas para seus cães de estimação, para sua panela velha repleta de vermes mais que mortos, pq quem n divide não está vivo, e mais q zumbi, é mais q dejeto 

( edu planchêz )

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vou perfurar a palavra amor em nome de yoko ono 


todos intelectuais brasileiros são analfabetos, 
a começar por mim, falo, falo, falo, canto,
na certa para as paredes, pois no fundo não digo nada, 
tudo que faço não tem sentido, não tem lógica, não diz nada; 
melhor assim, melhor dizer nada para os que não querem 
ou não conseguem ouvir

uma vida dedicada a poesia, a palavra, ao pensamento,
ao vago mergulho no inusitado, não vá eu querer ter ouvintes,
leitores, observadores, fãs, ou qualquer algo,
o mundo que está ai só quer saber de quem tem a melhor bunda,
a mais roliça cocha, os peitões soberanos,
as carteiras mais recheadas, os palácios mais fotografados,
a linguagem mais idiota possível, a piadinha vazia,
e sei lá mais o que; não sou desse tempo,
sou um ser do passado, de valores vencidos,
de estrelas magnificas que brilham no céu da boca

ai eu começo a me exibir, segura pião! segura o prego 
que vou perfurar a palavra amor em nome de yoko ono,
já disse que sou um ser do passado, vencido pela miséria 
dos que hoje vivem apenas para se dar bem

( edu planchêz )

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ARTÍSTICO 

meus interesses tem sido, futebol, 
politica, pensar em lagartixas, 
deitar a cabeça no pano preto azul
que cobre o colo da aurora meu amor... 
sair gritando nos sonho o nome dela
repartindo em nacos as vozes 
que recebo do chão artístico

bela mola esticada ao máximo nas argolas
que colhi por dentro dos medicinais lírios,
busco despejar meu desmotivo de nada querer ver
abraçando árvores e palavras árvores

( edu planchêz )

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a língua fria do lobo das mil noites  

a língua fria do lobo das mil noites
está na tua língua para escrever
o que deve e o que não deve
sobre o cadáver desse tempo de ódios e descrenças
oxigênio furtado do belo e do aconchegante,
dispare teus raios de fortes gametas
por dentro da arte que ainda não morreu 
no primeiro e no último homem

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POEMA PARA MARIÚZA 

e o inesperado faz uma surpresa 
abrindo um portal que nos leva ao palco do mundo,
ao coração vivo da civilização,
minha música, tua música, teu poema, meu poema,
feito jato alem da luz velocidade,
chega a todos os tímpanos

rei da terra, rainha do nascimento,
alegre saltimbanco batendo os pés e as mãos
para nas raias dos que correm com o tempo,
sonharem por muito, por pouco

e a nave vida gira muitas e muitas vezes,
e o poema da grande atitude se move em círculos,
no interior do ventre dos que cantam 
para permanecerem pulsando

( edu planchêz )

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pelas letras de meu próprio nome 

no oco do navio eu mesmo, 
choro por não compreender o frio vindo do frio mesmo,
nenhuma peça de manipular com os dedos me serviria 
agora que choro, e só sei chorar,
não sei se pelo tempo que passou, se pelo tempo que virá,
mas ninguém compreenderia o que sinto,
não compreenderia mesmo, 
pois é algo único vivido por mim mesmo

ela quer correr para a rua,
eu para dentro de casa, voltar para casa,
não sair mais de casa,
e lê-se aqui como casa, essa coisa de ser mesmo,
de vivencia epiderme, de solidão orquestrada
pelas letras de meu próprio nome

( edu planchêz )

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nuvens irmãs da neve 

de braços esticados frente as arestas, 
cumes, curvas, placas brilhantes e frias 
das cordilheiras de algum lugar,
de alguma viagem que fiz ou faço agora,
na exatidão arregimentadas pelas estrelas,
pela quadratura do circulo

bem perto do urro que se encode nas âncoras 
que prendem a alma da pedra
no absurdo vapor que forma as nuvens irmãs da neve

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alcateias de vocábulos 

angustiado, com a barba bem cheia, 
branca pelo passar dos anos,
branca por eu ser estrela falante,
ser distante das feiuras do novo mundo,
e eu não minto, 
não toco com a língua o velho esqueleto da inveja,
as artes que ainda não nasceram dessas mãos
catadoras de feijões, de dores e destinos chuvosos,
articulam-se cá nesta redoma de falares meus,
de tranças sentimentais passadas a limpo 
para que o traço do poeta manso escape da fadiga
e trate de tecer amor no vermelho das alturas

vinde frutos que pigmentei pelos muitos versos,
pelas alcateias de vocábulos, 
pelas maçãs de teu rosto simbolo da nova era

e eu saindo do sono, 
da friagem dos que dormem com os anfíbios

( edu planchêz )

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artaud os fumou em seu cachimbo 
e os defecou no rombo da lua 

há os que preferem dormir 
com os mal amados que ignoram os se que dedicam 
ao próximo, e ficam ai defendendo os donos do mundo,
os donos das vacas, os donos dos artefatos de pólvora,
os cátedras da fé cifrada;
bertolt brecht os conhecem muito bem,
artaud os fumou em seu cachimbo e os defecou no rombo da lua

( edu planchêz)

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plenilúnio

plenilúnio, 
ebulição extrema das leis aquáticas 
sob tudo que se move 
mesmo que aparentemente imóvel

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O amor dos peixes que hoje são fósseis 

Sobre o nada construo Vilas...
eu, o arquiteto feito de fósforo e gases acesos,
ando nos andares mornos da construção
lançando jatos de abelhas-majestades
nos visionários olhos sonolentos
dos muitas embarcações
que a armada de Camões libertou
sob o denso lábio da imaginação

O mar dos que morreram e viveram pelo mar
é uma mulher sonhando
com o amor dos peixes que hoje são fósseis

( EDU PLANCHÊZ )

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Gente Suja 

Meninos e Meninas, Senhoras e Senhores descartáveis!
Urubus devoradores de lixo!
Sinto a falta de gente suja
Onde estão os Régios Girassóis Corações de Ouro?
Não falo de mendigos, nem de usurpadores
Falo de gente suja de luz
Rebentos do novo
Angustia, poço seco que não quero dividir
Eu que sempre fantasiei, hoje no vou...
Torre que construo, um construtor de Torres nunca se perde
Entro e saio da Torre mugindo zumbizando bramindo
Noite castanha, rezo minha reza juramento pondo a prova a qualidade do meu reino
Os corações não são iguais, digo isso aos meus polegares
Certo é ter cabeças estelares aqui na própria Terra
Meninos e Meninas, Senhoras e Senhores descartáveis!
Urubus devoradores de lixo!
Sinto a falta de gente suja
Onde estão os Régios Girassóis Corações de Ouro?
Não falo de mendigos, nem de usurpadores
Falo de gente suja de luz
Rebentos do novo
Voejo e me orgulho desses vôos, dessas dispersões chamadas infantis.
Meu pai disse que fracassei como um inventor de sonhos
Porra de guitarra que não me deixa dormir e acordar velho!
- "Quatrocentos bilhões de anos de fantasias bobocas...".
É esse o olhar que o mundo me lança
Eles querem me ajustar,
botarem meus cabelos dentro do padrão do comércio das aparências
Prefiro a rebeldia e o infinito da outra margem
Vocês querem que eu ganhe dinheiro?
Ganharei dinheiro, Mercedes e castelos,
voltas e mais voltas pelo mundo dos Hits

( edu planchêz )

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Sol rupestre 

Meus olhos que olham teus olhos, 
ultrapassam a capacidade de olhar 
e chegam onde as águias nossas almas... 
tornam-se maiores que o Sol rupestre 

( edu planchêz )

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04 horas de quarta-feira 

me arranha o cilindro estático vindo da memória 
de todos que aqui estiveram, 
de todos que aqui estão, 
de todos que aqui estarão

minha mulher me faz reino, raiz dourada,
flor de sândalo exposta nas águas
ela me traz o ar, a fruta do pessegueiro,
o sino do lótus pai e mãe 
da grande árvore que eu e ela somos

( edu planchêz )

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oro para os espíritos das árvores 

oro 
para os espíritos das árvores,
emergido no mel, 
ajoelhado no polem

oro 
para os espíritos das árvores,
movido pelas correntes,
pelas alvas bocas

oro
para os espíritos das árvores,
escondendo estrelas nas mãos,
pássaros no umbigo

oro
para as árvores das árvores,
umedecido pelo vinho,
largado nos lajedos

oro
para os espírito das árvores,
amando o café,
perdido nas sementes

oro
para o espírito das árvores,
digno de coroas de transparentes,
de abraços aborígines

( edu planchêz )

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torres I

torres, vinte e uma, eu consigo contar, 
outras, apenas imagino,
pois, estão encobertas pelo angulo,
pela curva, pela estrutura pétrea que é ponte

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A Fêmea do Peixe Dourado 

A Fêmea do Peixe Dourado
desce lentamente a colina,
de tão linda a colina,
de tão linda fêmea...

Seu caminho é um chão de estrelas,
de notas musicais e verduras fadas

A Fêmea do Peixe Dourado
desce lentamente a colina,
de tão linda a colina,
de tão linda fêmea...

Seu caminho é um chão de estrelas,
de notas musicais e verduras fadas

( edu planchêz )

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Rodei vinte uma vezes envolta do baobá

Rodei vinte uma vezes envolta do baobá,
e nada esqueci,
um carrossel de tulipas azuis rodopia
entorno da minha cabeça,
enquanto olhos de leões e leopardos
trazem todas as vozes da África
para os tonéis da tinta
que usei para pintar os lábios no dia em que nasci

No dia em que nasci uma estrela de múltiplas pontas
cruzou o céu de outubro,
escreveu isso minha mãe numa carinhosa carta
nos dias em que quase perdi a consciência
das coisas como assim conhecemos

E eu me debatia nas águas do lamaçal,
e eu me debatia sob os raios pegajosos do sol

Foram histórias dessa existência e outras existências
Foram vivências escritas com as gotas do meu único sangue

(edu planchêz)

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em alma 

em alma de montanha amada pela água, 
em alma amada, em arte de silenciar o chão
tecido pelos sons quebrados
dos gansos que conversam com a minha flauta doce,
isso é real na quinta das palmeiras em paraty

não duvide de nada que voa, não duvide
ver o laço das cores dos meninos 
que deslizam pelas costas das pedras
da cachoeira do tobogã...

( edu planchêz )

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FLOR DE CAFÉ 

MINHA FLOR DE CAFÉ,
ARDE SEMPRE, RUBRA E BRANCA;
MUITAS ORQUESTRAS VIVEM
EM SUA BOCA, MUITAS

DE CAFÉ, A FLOR DOS ESCOLHIDOS,
DO QUE COME COM AS MÃOS 
COM UMA PANELA NA CABEÇA

( edu planchêz )

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casa de abelhas azuis 

no espelho da parte lisa 
do monumental triângulo,
ele se vê, exibe o que há de melhor 
entre o céu e a terra do nunca,
entre o fim e o começo

movida pela vidência noturna,
pela vidência dos números,
pelo o estado oculto da maçã
que se abre ante aos meteoritos

minha mulher é glória,
rua florida e rendada,
casa de música, 
casa de abelhas azuis

( edu planchêz )

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véu de formigas 

remando nos novelos de fios de leite,
de fios de lama, 
de fios guardados na mente 
dos que invertem os ponteiros

e são lentas e letais as frases 
que joão cabral de mello neto
submergiu nos olhos dos arqueiros
que moram nos furos das pedras,
nos furos dos arvoredos do antigamente,
nas andarilhas artérias

e o compreender aqui não é preciso,
não é objeto vital, ação atômica,
véu de formigas, avalanche

( edu planchêz )

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adriana calcanhoto cantarola 

areias baleias esticada ao máximo 
do máximo para o alem portão 
das vozes que mancham os rastros das estrelas
com o novo sentimento, com o volumoso sono
de ter ficado acordado 
a espera de alexandre e outros heróis

e no dormir, acalentarei veias e orgãos,
a ponte rósea que une os dígitos 
do calendário aos arquétipos
falados por jung e outros professores

adriana calcanhoto cantarola,
as folhas conversam umas com as outras,
o céu vem ainda branco,
bom dia!

( edu planchêz )

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Pela voz de Jim Morrison

Minha Noiva é a fumaça,
o amor que sinto pela ganja 
sentinela desse momento

Vestida de vermelho e dourado,
entra em minha nave de distorções,
em meu sino de cristal rosa
que pulsa na rotação 
dos átomos cor de anjos

Ele fala comigo,
eu falo com ele ( a outra voz ) que nesse agora
e para todas as horas é o meu amor,
átomos cor de anjos,
cor de ametista virada na porta
das visões auspiciosas

No Grand Canyon,
sob as tendas que armamos
entre as fendas da pedra lunar,
agora estamos,
ao deserto embalado pelas núpcias 
das voz da riqueza,
pela voz de Jim Morrison

( edu planchêz )

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O DONO DO MUNDO 

o dono do mundo (que sou eu me mesmo) me disse...
"você é não dono de nada,
de nada, de tudo, de quase tudo, de quase"

e eu que sou de nada piso nas farpas,
nas caras das pedras sem pedir ao sol da noite
uma pitada de fogo, uma pitada dos sonolentos gatos
a mulher que aqui está parece não perceber-me,
não perceber os caminhos que os astros fazem
por dentro dos esquadros da casa

é triste ver alguém 
que no meu entender nunca prestou atenção
numa flor, num cometa cadente

eu não sou nada, incapaz de tocar seu coração,
sua mente com fermento do que aprendi

ela é vazia, um balão oco, sem passado, 
sem presente, sem futuro,
sem ancestrais, sem sonhos mágicos

como doí isso para um homem que busca 
os caminhos do sábio;
que dor ver a pessoa que me acompanha há tantos anos
viver de forma tão leviana, superficial

é um castigo, uma tragédia,
apostar tanto num ser e vê-lo depois de tudo que vivemos
e vimos, ainda ignorante,
sem filosofia, sem ideais,
mergulhado na existência milenar dos mortais
que já nasceram mortos

(edu planchêz)

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Diego El Khouri... a foda da foda da foda... 
são tuas artes vividas... 
fico me achando pequeno frente aos poemas perfeitos 
de joão cabral de mello neto, 
mas não passará de um momento; 
a gente que joga ou brinca ou briga com a emoção, 
se assusta com a frieza do irmão poeta de Recife

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QUANDO UM REI MORRE 
NÃO MORRENDO, O REINO SE UNE, 
LUIZ MELODIA QUERIDO

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horizonte ouro prata 

somente a poesia me salva, 
ostra que abro com um único relâmpago 
rezando com os dedos astecas

com as unhas azuis, 
com os erros e acertos da mente pássaros em revoada

adentro-me no mar báltico do poema das fendas
por onde entro e saio 
pegando nas costelas do fruto da mulher árvore

horizonte ouro prata,
realeza do que sinto por ela
sentado nas telas do planeta ação

( edu planchêz )

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aventuras balsâmicas extra sensoriais da bioquímica 

aleister crowley 
se intitulava ( no meu compreender ) a besta 666, 
apenas para expurgar os pela-saco,
nada mais justo, pois, homens inferiores,
devemos manter distante de nossas tabas de esmeraldas

passamos ( eu e meu amor catarina crystal )
o final de semana com nossos aliados su e pedro couraças,
casal de grande amor, almas extensas de alto quilate;
eternizado está este perfeito encontro;
e juntos vimos a biografia de elis (filme ), 
entre robusto goles de cervejas e nacos de queijos...

o alto da boa vista, nos redime das visões mofadas
que nos invade via quase tudo,
via a mídia fétida,
o rádio já não serve pra nada...

na noite da lua fase qualquer
observada da sacada-jardim-horta da sueli e do pedro,
vivemos e continuarem a viver
aventuras balsâmicas extra sensoriais da bioquímica 
fincados na grande irmandade
que se estende a todo o elo comunitário 
desse mundo de irmãos e irmãs
que ligaram o foda-se para essas cidades 
de competições e abusos

( edu planchêz )

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da atenas aqui mesmo 

a nova cultura, 
vem mesmo de manuel bandeira,
dos toneis repletos da porção mágica de asterix 
e seus vizinhos de aldeia,
da capacidade de verter metais pesados 
em chorinho rock blues reggae,
das cilíndricas cantigas celtas
que cantamos no interior da acropolis 
ouvindo socrates orientar os jovens 
da atenas aqui mesmo

( edu planchêz )

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tango manhã peluda
passaringulogista das tralhas
magentas do pós sono
do antes almoço

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e sigamos nossa saga 
de abrir picadas 
nos caminhos do arco-íris

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O MACACO DA NOITE NUNCA ESQUECE 
DE MEXER NAS VÍSCERAS DO OCULTO


lactobacilos nadam libertos 
na aurora de minha flora intestinal,
é o festejar das micro-crianças do nano mundo,
mecânicos elementais trabalhando
no emaranhado das tripas 

( edu planchêz )

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novas 

eu nunca saio do poema, 
das asas do que nunca some, 
do que não esqueço, 
do que apanho nas estrelas,
das almas espalhadas 
pelo clarão do meu canto inesquecível,
e meu canto inesquecível se levanta
para nas linhas do mundo escrever
novos mapas, novas alvoradas

( edu planchêz )
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ave de sentidos muitiplos 
navegando no ventilado tubo 
que une a rainha cidade ao rei mar

 ( edu planchêz )

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e eu não me canso de escrever,
não há como parar, como seguir sem as silabas, 
sem o ato de pisar nas teclas

 ( edu planchêz ) 

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ENTREVISTA DE EDU PLANCHÊZ.
(A REPÓRTER "NÁDIA CARAMURU" 
entrevista o poeta EDU PLANCHEZ:)

Nádia Caramuru
SE VOCÊ NÃO TIVESSE ESSE ROSTO QUE ROSTO TERIA?
Edu planchêz-
Estou profundamente satisfeito com meu atual rosto,
mas se pudesse assumiria o rosto de Leonardo Davinci.
A lucidez me faz um homem lindo. Aprendo correr
acompanhando os espasmos do meu tempo. Devoro os
noticiários, meu rádio não desgruda da CBN:as notícias
da guerra batem na tela do meu rosto; pés e mãos
gritam por todo o quarto. O que posso fazer?Não sou
tão impotente assim. Ver a maldade e nada fazer é
tornar-se parte pulsante dela.Diante de tanta miséria
eu não sou a miséria. Minha regente atitude é ainda
mais apostar na agudez do belo, no intenso e no
profundo. Meu rosto é o cinema de todos os rostos.
Nádia Caramuru-
O QUE A POESIA E O POETA PODEM FAZER?
Edu Planchêz.
Tudo! Conclamo o poeta e a poesia assumirem o comando
das Nações. Como? Na prática descobrimos. Estou
inundando a internet de poesia. Meu espírito e meu
corpo de sangue seguem no ventre eterno das palavras.
Quem toca-las tocará em mim e em todos os meus
mestres, amor, filhos e amigos. A poesia é isso, um
turbilhão de veias que se rasgam para engolir num só
gole os cincos continentes. Sou poeta, disso me
orgulho. Em 1989 estava no gigantesco palco do último
comício do então candidato a presidente Lula, na
Candelária Rio de Janeiro. Diante de um mar de um
milhão de pessoas eu cantei, tive esse
privilégio.Cantei depois do Lobão e antes do discurdo
de Luís Carlos Prestes. Ví e ouví Luís Inácio Lula da
Silva bradar: "Eles podem destruir uma, duas, três,
quatro, cinco mil flores. Mas jamáis impedirão a
chegada da primavera''.
Nádia Caramuru
E O CAMINHO?
Edu Planchêz-
É infinito. O pé precisa tocar na pele das ruas muitas
e muitas vezes para engrossar ou ficar totalmente
fino. Não há meio termo. Fui criança até os meus vinte
e um anos, com essa idade fiz amor pela primeira vez.
O local era uma praia do litoral norte de São Paulo e
ela ( a mulher) uma portuguesa de Lisboa, bem mais velha,
poeta, cantora, mãe de quatro filhas... O caminho é
porrada e vinho fino. Perfeito que seja assim: o
diamante ejacula do carvão massacrado. Poderia ter
feito o que meus irmãos fizeram: passar a vida inteira
no posto de um funcionário público: vida segura,
geladeira sempre cheia, mulher feliz, sociedade
satisfeita. Um dia fui agente administrativo do
Ministério da Aeronáutica. Um dia botei fogo na
lixeira da escola. Um dia estive quase nu no pátio da
Sanatório da Tijuca. Por cinco anos tomei Aldol. Um
dia compus uma canção para o "Cidade Negra", Da
Gama (ex-integrante da banda, que eu conheço de longa
data, comentou com meu amigo-irmão Paulo Cidimil:"Edu
Planchêz? ! Aquele cara metido a intelectualóide?!?!?
"A vida não tem roteiro. Nada é seguro. Quem gosta de
abismos tem que ter asas."
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Edu Planchêz é uma das vozes do Brasil, do planeta; 
poeta primoroso de versos arrasadores, impactantes 
( por Mia Couto )
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Edu Planchêz é uma das vozes do Brasil, do planeta; poeta primoroso de versos arrasadores, impactantes, desses que nos deixam sem folego, armado para invadir qualquer continente, qualquer nave que ultrapasse os limites da capacidade de arrombar a matéria do pensar, do explodir, do tocar na pele sem nenhum limite, de tempo e espaço, de guerra e paz, de geleira, de fornalha. Ser poeta uma vida inteira, é algo desafiante, exagerado, ultra marítimo, alem do comum e incomum. A poesia de Edu Planchêz nos deixa sem folego, nos falta o ar, são versos, poemas dilacerantes à altura do gênio de Willian Blake, Rabindranath Tagore, Guimarães Rosa, Fernando Pessoa... Sua arte é definitiva, acredito que suas palavras bem arquitetadas, sem sombra de duvida atravessarão os séculos, o tempo mítico, e no tempo místico, seguirá marcando a fala das pessoas, os idiomas, as nações, os sentimentos lógicos e sem lógicas. Cito aqui apenas um verso desse ser atômico inventivo: "AMOR, O MAR É SEMPRE ESCURO, O MAR É SEMPRE UM CABO PARTIDO, UM VULTO QUE ENGOLE TODOS OS MEDOS" ( edu planchêz )
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 truculência 

golpe de merda, paraguaiada sem criatividade, 
é o brasil caminhando pra traz 
feito caranguejo sem cérebro,
porrada na cara desse fedores anacrônicos,
múmias em estado de decomposição,
fétida paulistada mineira paranaense
é a volta da escravatura, da truculência,
do cala a boca
há 500 anos,
meus escravos estão construindo essa pirâmide  

( edu planchêz ) 

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por pouco 

verde água azul oceano,
nada de roupas nos nossos panos,
nada de farpas nas cavadas visões
do mundo outro mundo esse mundo
se eu te rego com meus pregos,
se eu remexo e remexo nas cinzas,
nos beiços da flor,
na cortina que nos une e desune...

o poeta tudo vale, nada vale
porque vê com outras mãos 
o que a maioria ignora
mesmo sendo sacerdote,
mesmo sendo allen ginsberg
dos tendões aos alicerces,
das maceradas vísceras aos galhos,
por pouco não te toco  

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 torre de lanternas 

jatos de Marcel Duchamp escorrem
pelas paletas desse rosto,
por minha mãe vítria,
nas orquídeas

trapos de papéis se unem a letras,
sílabas desmembradas do tempo futuro
rio de pincéis aztecas,
tabocas flutuam,
são varetas, flechas e flautas

mare de espelhos,
nossa cama, nossa sopa,
o creme de ervilhas
formas, arte do hoje,
da cratera querida de minha alma,
alma offside,
alma torre de lanternas 

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continentes cobertos de flores

inhoque de batatas com molho de jiló 
hortelã cebola alho pimentão 
queijo minas esfarelado...
eu e minha mulher, devoramos essa especiaria 
com os olhos colados nas telas dos filmes

em breve, encontraremos mia couto em paris moçambique

a mata atlâtica margeia abraçando o rio de janeiro,
abraçando os que aqui estão e os que estão para alem dos montes,
alem da confissão do meu eu para o teu

moro mesmo na máscara, no objeto, no andar de cima,
no de baixo, nas alamedas imaginadas por meu pai
e a comida feita por mim e o fogo e a água e o cavalheiro andante...

na atmosfera, no triângulo, na artéria cortante do gás brilhoso 
produzido pelos olhos dos que vivem na africa
mia couto nunca distante está
edu plachêz e catarina crystal se vestem de horizontes,
de continentes cobertos de flores   

( edu planchêz ) 

 ------------ 

em total incêndio no substrato 
das coisas antenadas com a substancia 

olho para as minhas forças ancestrais,
para os ovos ocultos na terra,
para a mãe de minha mãe...

martelo de pedra vulcânica, martelo de ferro,
louças que achei no porão da casa que morei na praça seca
ainda menino, ainda parte viva da família história memória

meu avô português antônio gomes de carvalho, 
me contava que na sua portugal de antigamente, 
bruxas costuravam as roupas nos corpos 
das pessoas enquanto elas dormiam

minha avó paterna eugênia planchêz, 
atravessou o atlântico na ventre de nossa bisavó Marí planchêz
e veio a luz em penedo do rio são francisco,
seu marido leon planchêz, 
abriu uma fábrica de vidro em recife...
muitas histórias ficarão guardadas em mim nesse agora,
pois isso aqui é um poema, não um romance 

volto ao chão de brilhantes adormecidos
que se forem aquecidos, falam,
e falar é algo feroz para o chão

papéis amarelos envelhecidos, entram pelas janelas,
pelos sentimentos do que jamais conhecem a morte,
o esquecimento, porque o meu espírito e o teu espírito,
é dínamo que vivem em orbita constante, em pleno fogo,
em total incêndio no substrato das coisas antenadas com a substancia

( edu planchêz )  

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Rosa Kapila andava com um gato azul 

Rosa K andava com um gato azul 
preso a uma coleira feita de palavras retorcidas,
e seu cabelo-pássaro-das-montanhas
esvoaçava-se por todas pratilheiras
do beat-mercado do além daqui

Os olhos do gato azul de Rosa K,
tremiam diante do balcão de frios,
seu filho I.O.S.P. era um dos varejistas
que apregoava bem alto 
que sua mãe não passava de uma Medeia
disfarçada de onça herbívora

Na porta do beat-mercado,
passava um trem vindo de não sei onde
e indo para num sei que lá
arrastando um tapete persa
repleto de anões bebedores
de licor de damasco e outros líquidos

Nenhum delírio, nenhum delirante,
conseguirá tamanha proeza:
a proeza de fritar peixes de geleia
com a sola dos pés sem cabeça

Do Reino de França 
ao Reino dos penetrantes caramujos 
paridos por Lorca numa noite dessas,
I.O.S.P reúne as cabeças
dos que não possuem cabeças
dentro de uma cabeça de metal,
nasce aqui o Rock, 
os fedorentos filhos da gruta 
que inventaram o cinema  

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Cortante Noite das grandes mágicas (Eu e Ela )

Cortante Noite das grandes mágicas,
a Tartaruga Mágica é a mola motriz desse novo Antônio Eduardo,
mais forte, mais belo, com mais bossa

O sangue novo do Poeta Fênix
pai terreno de Ícaro Odin,
move essas operarias letras,
a voz que ora é o meu trono

As forças armadas da "alma de borracha"
que abrigo e me abrigam
derrubam e erguem Impérios,
condados, jardins...
e entra para não mais sair no "Hotel California"

Artaud e Lorca,
atracai vossos navios
que a terra é mais que santa,
que meu enredo se mistura 
aos enredos de Silas de Oliveira e Candeia

Bom plantio, boa colheita
Se planto e plantei delíricos versos
e Albarã canções,
colherei deliricos versos,
Albarã canções,
muitas pratas,
maxixe, almeirão e jiló ( eu e ela )

( edu planchêz )

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dos lobos-homens,
Rapunzel e Barbarela

Mas se você não está
compreendendo esses versos,
culpe seus olhos,
não os meus

( edu planchêz )  

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Poema Cinema 

A cadela Baleia corre nesse agora
por essas linhas, por essa pauta,
na clave de sol, pelos hemisférios

Cadela Baleia?
Cadela Baleia sertaneja
diluída célula por célula
pelas páginas dos fissurados
por pontes e corredeiras,
livros, teias abissais,
lentes, lábios, telas,
iluminissências,
alturas intocadas,
vazantes extremas,
"tesouros transparentes"

Chama a Sarah de Nova Deli
com seus trovões
e suas estrelas centauras
porque Talles Machado Horta sem porquês
flechou a maçã que esteve no tuneo branco  
esculpido pelas andorinhas que viram Borges
escalar os degraus da torre do fim

Na outra ponta da corda,
na outra ponta do pavio,
na outra ponta das lanças espartanas

E o poema cinema se atraca
no arrebentar das letras,
na placenta calcária da maré

( edu planchêz )  

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As dobras da pele, os contornos do olho

"o mundo teme o tempo, mas o tempo teme as pirâmides"

Poesia nômade, eu sou um poeta nômade,
carrego o amarrado de estrelas eletromagnéticas
e um punhado de amores nos vãos dos dentes e dos dedos

Corro por esse planeta almirante com botas de negras pedras,
com os cascalhos do que pensamos durante os sonhos de amor,
com as rochas vulcânicas paridas pelo chão da matéria ígnea
de nossos mais nobres sentimentos

Eu vivo para isso, para escrever,
inventar a ordem e a desordem, o gato e o cão,
a aranha e o pássaro do breu e do brilho de nossas lágrimas

A fêmea que real comigo isso viver,
ultrapassará os liames de de tudo que é orgástico,
as tramoia e as tragédias:
estará alguém nesse evoluir preparado para tal beleza?

Avancemos milímetro por milímetro, palmo à palmo...
o ventre de vidro, o ventre de cera,
as dobras da pele, os contornos do olho

(edu planchêz)  

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as loucas de sensibilidade 
apanham lagartas 
nas folhas repletas de luminescência 


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poeta plantado nas cavidades dos desejos,
artista movido pela boa sorte, 
voz escrita no tempo chuvoso, 
nos nós da paisagem

 ( EDU PLANCHÊZ ) 

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O barro e as amoras 

O meu poema arrasta-se arrastando-me,
leva-me ao calvário dos muitos invernos, 
ao caldeirão de infâncias cobertas de rosas e gerânios; 
meu poema cabe nas fendas que há entre os dedos de minha mãe 
preparando a comida que venho comendo por toda a vida, 
pelas as horas que mergulho nas copas das árvores 
nascidas nas curvas do tudo ver.

O meu poema permeia a sola dos sapatos que uso 
para ultrapassar o remorso de não jogar pedras nos cães 
que me atacam nos sonhos.

O meu poema uiva porque é lobo afundado no copo do vinho 
que me foi dado pelos bonecos de neve, 
e grita de cabeça baixa movido pelas ranhuras do papel, 
pela venenosa tinta da caneta que roubei 
de uma história contada

O meu poema marcha vendido aos pássaros 
sobre o continente onde moro, 
onde pego o barro e as amoras

( edu planchêz 


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com um escorpião no bolso 

com um escorpião no bolso esse homem de escorpião caminha,
hoje estou com baixa estima, nem tenho coragem de tirar uma foto, 
de me ver no espelho,
me sinto feio, velho, ultrapassado, sem lugar no mundo,
mas sei que tudo isso se enquadra na escuridão fundamental 
de minha alma calejada pelas vivencias de extremo abismo

nenhuma culpa de ter morrido muitas vezes antes de morrer,
muita culpa de rascunhar no solo do peito desenhos feios,
psíquicos desenhos que embrulham meu estômago,
que me curvam mais ainda do que sou curvado,
carrego sem querer carregar os pecados do mundo

e o chicote psicossomático castiga minhas costas,
nenhuma arte no que estou a dizer,
melhor seria calar, mas se isso o fazer, 
meu pau nunca mais se erguerá,
minha voz se apagará, de nada valeu minha ousadia 
de desafiar o destino traçado pelas trevas da matrix

se é leve ou pesado o que digo, agradeço que assim seja,
pois, é dessas cinzas que construo minha próxima águia,
meu próximo condor para cruzar o mar de brilhantes,
as cordilheiras do grande ser, da grande mãe sutileza

respiro fundo, abraço todas árvores ( que todos os seres sejam árvores ),
e me tranco no meditar, 
na oração, no sutra de lótus

( edu planchêz ) 

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pessoa da boa 

e eu só quero falar do meu amor,
que dorme ventilada pelas flores,
tocada pelo pano de estampadas laranjas,
pela alegria de ser dela meu colo de lume,
a fronteira ultrapassada com passos serenos,
a plenitude do beijo dos beijos

meu amor vive sonhando com desenhos animados,
unicórnios pensativos,
bichos que vivem pendurados no tudo pode 
dos cristais dos cristais

e ela diz que na sombra da barriguda dança e dorme, 
acorda e colhe da planta café a escura água,
o sabor e o silencio, 
as engrenagens de seu novo canto

eu miro em seu umbigo o meu,
em seus dedos os dedos que tenho,
a fina seda, cordões de finas joias,
ela é moça bonita,
pessoa da boa sorte

( edu planchêz )    

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Chuva de meteoros terá auge ofuscado 
pela Lua neste sábado de mantras transparentes,
as ruas estarão desertas, 
desertos meus, desertos teus, desertos  

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aranhas dos pesadelos 

o velho homem cabeça de livros,
o velho bago do algo que ora como
contando os dedos,
contando as lajotas lantejoulas,
os garfos e a colheres,
as palavras que vou encontrando nas coisas,
as coisas que boiam nas palavras,
nos charcos, nas secas luzes

por ser muito poeta,
por rosnar nas crostas da nuca do nunca

minha bela devora desenhos,
quadrinhos animados,
personagens surreais e cruéis,
comedores de pães recheados
com as aranhas dos pesadelos 

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Diego El Khouri, velho irmão de pajelanças 

Diego El Khouri, velho irmão de pajelanças
e caramujas sonolências,
de arbustos e tonéis de ácidos,
aqui vivendo os zunidos das horas, o arrulho da pança
alimentada pelo queijo que acabei de roubar,
continuo o mesmo Zapata, pistoleiro súbito,
homem-tarantula das negruras,
espinhoso escaravelho

Alvuras nas quentes redes dos arcos
onde a iris se esconde,
onde me escondo com minha ama de leite,
das ladroagens da morbidez dos roedores de dinheiro,
da astúcia ornamental dos mulambos da velha família
oriunda da formiga cortadeira e do coco do bandido
do cavalo que nunca leu nem bula de remédios

Caro amigo, os azulejos do nada pestanejam
cá nas ganancias de ver-te em breve
envolto em anéis de ardumes 
e sedas embebecidas de perfumes

( edu planchêz )   

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"Os príncipes na antiga China usavam joelheiras vermelhas",
eu uso a cola da precisão para unir o que pego com a mão direta 
ao que pego com a esquerda  

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por dentro das portas do sol 

a madrugada fim de noite 
começo da manhã, engana alguns, 
vez por outra passo por canalha,
durmo quase sempre pós as 4,
e juro que não estou por aqui a buscar peladonas,
apenas rabisco o que ainda resta da noite

mas, o espião eterno me vigia, tudo bem,
comungo com bibi ferreira essa prática
de roer as unhas do inexplicável
e remar nos vórtices do teatro
e dormir por dentro das portas do sol

( edu planchêz )  

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E ESSAS RUAS QUE NÃO SÃO AS RUAS DE 1928 
E QUE SÃO AS RUAS DE 1928...

E essas ruas que não são as ruas de 1928...
e que são as ruas de 1928...
conhecem meus pés de madeira,
conhecem e desconhecem minha fama
de não possuir fama

Diz meu filho: " Edu, põe a roupa"
E eu ponho a roupa de todas as leituras
que fiz e que faço do que não deve ser lido

E tenho e tinha a missão de torcer
os nervos do planeta que me ignora,
e que por muitas vezes também ignoro

E vejo Jack Kerouac, Allen Ginsberg
e Diego El Khouri entrarem pela porta
que inventei na parede que existe
apenas na imaginação dos que negam a imaginação
Imagino ver uma grande bolha de palavras obscenas
( na compreensão menor)
despencar das nuvens sobre as casas,
sobre as pequenas famílias que se fecham
para as outras famílias que são também suas famílias

Estou no Brasil, no túnel do tempo,
na entrada e na saída
das correntes que controlam os oceanos
e os ares que sobem para além das últimas
camadas da atmosfera

Não sou um avião,
um homem, uma ave,
um roedor infiltrado nas costuras das roupas
dos que seguem o apito das moedas,
dos que sobem no muro do progresso
protegidos por tanques

( edu planchêz )
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No dia de Hoje 

Sei que você foge da poesia,
é uma mulher exata, mas eu não sou exato,
exato só no visceral, no exercer de meus dons

Com linhas tortas escrevo o que ultrapassa o tempo,
que irá para o muito além de todas as vidas, minhas e tuas

( edu planchêz )
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o mundo dos vermes e dos micróbios os esperam 

e esses governantes de merda novamente ou sempre falando, 
inventando guerras, é a falta da foda sagrada 
que gera esse turvamento, essas torpes mentes 
entupidas de serpentes de urânio; 
e eles querem a morte de tudo e de todos,
e também morrerão com seus cus arrombados de dinheiro

seres infelizes fabricantes de infelicidade, 
nenhuma flor encantada "fada canção"
há de entrar por suas janelas devido ao fedor
de vossos corações sem substância eterna

o espírito das trevas os acalenta ao colo,
no inferno mais profundo vocês ficarão se contorcendo
( não há como escapar ) sem água e sem comida,
o martelo da lei os esmagará, 
nunca mais nascerão com o seres humanos,
o mundo dos vermes e dos micróbios os esperam

( edu planchêz )

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Os "jagunços da palavra", 
usam seus espaços radiofônicos jornalísticos televisivos 
para mentirem, distorcerem a verdade e protegerem 
as 70 mil famílias bilionárias escravocratas 
que mandam e desmandam nesse Brasil miserável,
que para seus deleites assim deve permanecer
mas nós os Celebreiros, 
não vamos permitir que isso continue acontecendo,
é de suma importância que haja uma absoluta união
de todos os que são pessoas de bem, dignas e abnegadas,
devotas ao bem comum, ao humanismo intenso, 
a solidariedade ao próximo é a nossa grande bandeira;
levantemos nossas vozes, unamos nossas forças, nosso sangue, 
nossa raça; e quem não assumir o seu papel de ativista,
de guardião do novo Brasil de todos, 
ficará na história da vida como covarde, omisso,
sem porque de ter nascido

( edu planchêz )

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holística

holística boca, a tua,
a porta aérea terrestre 
das magníficas vertigens,
o remo que me serve de nave,
naus coroando na boca do nascer

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Cosmic 

Sinal misterioso que tirou sono de astrônomos
por 17 anos
era apenas um micro-ondas,
uma cortina de ondas elétricas,
que na visão profética do malandro Edu Planchêz,
se reparte em bilhões de arco-íris,
para na porta da sala das criações,
nos alucinar

Cosmic Vision, Cosmic Blues.
Sinal misterioso que tirou sono de astrônomos
por 17 anos
era apenas um micro-ondas,
uma cortina de ondas elétricas,
que não visão poética do malandro Edu Planchêz,
se reparte em bilhões de arco-íris,
para na porta da sala das criações,
nos alucinar

( edu planchêz )

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Urânio da alma 

Iogurte de milho verde, pão com queijo minas,
água mineral...

Ravi Shankar nos levando pelo Spirit of India,
rajadas de sândalo ainda nos guiam para sempre,
não dá para esquecer o que foi combinado
sob o efeito do urânio da alma

( edu planchêz )

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Eu o que nunca sei o número exato 
das pontas das estrelas

A memória e as almas de Pitágoras, Platão,
Arquimedes, Pascal, Einstein,
Galileu e Newton agradecem tudo que Michael Jackson faz nesse agora,
nesse monitor televisivo,
degustativo no tempo e fora dele, na vida e na morte,
sobre os mais altos raios do sol 
que não é visto por nenhum olho físico

Eu o que nunca sei o número exato das pontas das estrelas
que se cravam em meu peito pela matemática quântica
da primeira noite do meu amor e do teu amor,
abro a caixa de vidro brindado para que todos os pássaros do mundo retornem às florestas
e aos jardins, ao brilho sibilante do olhar das crianças

Que corram os dias, as semanas, as décadas, os séculos e os milênios...
nunca perderei a coroa de flores de cristal rosa
protetora de minha cabeça bonita, coroa essa,
tecida por minha mãe ainda menina na brilhante madrugada
em que nasci para essa existência arregimentada
por meu próprio coração
e pelo coração do centro harmonioso do logos

Os Maias, os Incas, os Mesopotanios, os habitantes de Ur
e de outros lugares, aqui estão nesses dedos rangendo o poema de madeira e ferro
sobre as curvaturas desse crânio neanderthal
que carrega o cérebro que não é meu nem teu

Poderei numa nave de cera acender aos céus,
encontrar Ícaro e Ezequiel,
os poderes das nuvens e seus dragões fazedores de vento,
as fadas almas de meus ancestrais futuros

(edu planchêz)

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ainda emergidos no sono 

faço o papel de cão de aço num filme que invento 
agora nessa nova escrita automática em que não penso 
e nem paro para escrever, 
nem para dizer coisas sem ou com sentido, 
nada ver, tudo mesmo jogado num dos cantos da casa 
em que moro com meu amor cantante estrela

e continuo jorrando letras por todos os orifícios, por todas jarras, 
cântaros oferecidos pelo o andante arteiro que mora em todos; 
mas o vão vertido em linhas de pipa, agora soma sonhos 
aos que sonham, aos que deixam marcas de batom 
no canto do olho esquerdo que vê nas nuvens gaviões
e borboletas arreganhas asas, camélias soltas nas folhas 
que rodopiam entre os continentes que se expandem aos céus

vicio de beber manhãs, todas as manhãs que chegam
com os trinados dos bardos canoros,
todas as manhãs que trepam nos beirais da casa
para nos ver ainda nus, ainda emergidos no sono

( edu planchez )


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planeta dos escárnios 

tenso, incomodado com os rumos 
que a vida, que a arte vai tomando, 
o que há de mais pobre ocupa a maioria dos espaços, 
os assoalhos, as camas, os quadrados de nossas cabeças;
é a invasão mongol ocultando-se 
por trás da tempestade de areia,
a armada do fascismo serve o café,
e você dorme embalado pelas fezes 
escarradas pelos imbecis,
pelos os que dominam

país, planeta dos escárnios, dos mortos vivos,
dos que são exterminados sorrindo

lobotomia coletiva? apagão comunitário?

bons livros que nunca são abertos, 
peças esquecidas em teatros sem atores, sem platéia
comediantes debiloides, morte em vida,
padres pastores fedorentos batedores de carteiras,
nada de borboletas encantadas, nada de sábios lô borges

e a vida circula falida nos olhos dos que jamais olham para os céus 
( seria eu um deles? )
e contamos nossos mortos, 
e contamos os que se curvam ao que é falso,
aos que omitem os ruídos do mar,
a vozes dos que choram, 
dos que se ajoelham esmagados pelo ódio,
pela falta de camaradagem,
de um simples abraço

e você mora numa rua, num condomínio...
e sabe lá o nome de seu vizinho?

resistiremos!

( edu planchêz )

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DESENHO MÁGICO 

E a vida volta ao seu curso:
neurônio por neurônio,
"tijolo por tijolo num desenho mágico",
e as chuvas das herdades
trazem seus Cavalheiros a espalharem raios,
pedaços de gelo,
gerações de seres oriundos do coração
da chuva,
do relâmpago energizador de destinos

Os Cavalheiros da Tempestade
galopam sobre o que o está tenso
em nossa arquitetura humana,
destravam com suas lanças
de jasmim, os cadeados,
os portões que nos confinavam

( edu planchêz )

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das canções que cantas 

eu tenho ciúmes até de tua sombra, assumo,
assumo o desvairado amor,
a arrepiante lambida 
e os goles da cerveja cintra,
as tardes que toco flauta no ponto de ônibus
para que o macarrão apareça em nossos pratos

nada fácil, tudo fácil, mais saboroso que o sabor,
que a magnânima bondade de teus lábios

e eu soprei minha flauta de cristais derretidos,
e eu soprei minha flauta de creme de leite e amoras

eu tenho ciúmes até de tua sombra,
dos muitos que te desejam,
das canções que cantas

( edu planchêz )

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um mínimo poeta que ama cantar 

estou mais velho, o tempo passou, 
passa para mim como passará para todos

aqui contando as rugas, nelas as noites que não dormi,
os choros de desespero, meus mortos,
o amor que recebi e o amor que acredito ter dado

moram nesse rosto que hoje é uma esfinge,
muitos luares, sóis e mais sóis,
cidades e cidades percorridas
em nome do descobrir, do conhecer, do conhecer-se 

nesse rosto, uma vida dedicada ao próximo,
ao quase nada, ao não ter, ao ser

aqui pergunto, quem seria capaz hoje,
de atravessar quatro décadas andando pelas chuvas,
dormindo e comendo o que dava para comer,
apenas em nome do viver, do estar vivo para os clarões,
eu rasguei dinheiro, chutei cargos, profissões de estátus
para ser apenas, apenas um mínimo poeta 
que ama cantar

( edu planchêz )

--------------------

meu amor transcendental 

meia-lua de letra, da letra, meia lua,
e antes mesmo de virar o rosto,
ele viu sua obra fenomenal morrer viver 
no fundo das redes

meu amor transcendental. dorme,
veste o belo, traduz os seus nos meus,
é a minha sábia mulher,
o sustentáculo de minha casa-ser,
a dama querida

( edu planchêz )

-------------------

sabe um passarinho na muda, sou eu, 
acho q uma águia americana, 
que arrancou todas as penas e unhas, 
quebrou o bico se ocultou numa gruta
'té' tudo nascer novamente para voltar aos estratos dos céus

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longe de mim e de minha mulher, demônios famintos, 
ou renasçam já noutra condição em nossa frente nesse exato momento, 
mudança imediata do carma instantâneo,
john lennon está presente aqui dentro desse pensamento

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Falo com você, com você e com você

Edu Planchêz, o vento que sopra do sul,
me chama de Zé Ninguém,
que tipo de Zé seria eu mesmo?
Um Zé arrombado pelas palavras bem escritas,
pelos versos mirabolantes, 
pelas canções cheias de porra sagrada?

E quem já morreu e não foi avisado,
vomita analfabetismo porque não sabe
onde fica o buraco da inteligencia,
do talento desmedido
do poeta samurai que se edifica
com a alma do barro e do bambu,
com os dentes das Yaras 
comedoras dos que possuem olhos mas são cegos,
com o ferro derretido dos arames 
das cercas que envolvem 
a boca dos que de mim duvidam

Falo com você, com você e com você,
com a merda que supõe que é beleza
Vida é avanço,
estrada aberta, cama de linha elétricas,
chão imundo, tapete persa,
ranho espalhado na tua cara de vedete fake
Estou me fodendo para o que pensas a meu respeito,

Caio Fernando Abreu ( você nunca o conhecerá ),
derrama em teus intestinos analfabetos
planetas de morangos mofados,
garranchos apinhados de poemas
ejaculados por Quintana 
e Manoel de Barros.

No dia que você nascer
entre as flores do mal,
me procure,
assim poderei 
te desnudar para seres Povo Gavião

( edu planchêz )

---------------------------  

 Aos navegantes 

Aos navegantes de hoje 
e de ontem, 
ofereço a longa temporada 
desse ato, dessa trova, 
do jogo de dados, 
do carteado...
pelas as maravilhas
vindas do solene cio da romã, 
da máquina andrógena 
que veste meus pés

Na mente dos que vivera em Roma
antes de Roma ser Roma, 
durante o reinado do bardo Virgílio de todos os nomes, 
cabe o que ainda não escrevi
E que ainda não escrevi, 
pode estar sendo escrito agora, 
por um outro alguém
no extremo passado, 
no longínquo, no além

( edu planchêz )

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CAMPO 

CAMPO DE OBSERVAÇÃO DE ESTRELAS:
EU ACEITO A MORTE FÍSICA DE MINHA MÃE,
A IDADE QUE TENHO, OS DEFEITOS DE FABRICAÇÃO,
OS PALÁCIOS QUE AINDA NÃO CONSEGUI ERGUER,
O FORMATO DOS DEDOS DE MEUS PÉS,
MINHAS CRISES EMOCIONAIS
E AS CRISES EMOCIONAIS DE MEU FILHO...
EDU PLANCHÊZ BAUDELAIRE

MORA EM FRENTE AO PROJAC
E SE QUER NELSON MOTTA
E JÓ SOARES SABEM
( DESIMPORTANTE )

EU, SAMURAI ALADO,
O LORDE DA POESIA CARIOCA,
O ASTECA TOTEM
EMARANHADO NAS ANTENAS

DIGITAL É MINHA PASSAGEM,
ARGONAUTA,
O MARCANTE POEMA QUE ORA ESCREVO,
A CARRANCA DO MEU CARNAVAL

( edu planchêz )

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" A velha chama " 

Joka Faria,
as mil e uma noites nunca deixaram
e nunca deixarão de cá estar,
os meandros das florestas não são uma realidade paralela.
Sei que muitos Rimbaud's se contorcem no animato
e a "a velha chama" cantada por Tom Jobim
permanece inalterada em mim, em ti, em Diego El Khouri,
nas humanidades de Bete Souza...

Sejamos o espelho para que todos se vejam:
certo dia nos vivos anos oitentas,
Irael Luziano e um de seus irmãos,
entrou no "shopping centro"
da cidade em que vives ( são josé dos campos )
mostrando para as pessoas as suas próprias faces,
suas identidades ocultas
por esses olhos nossos
que não enxergam mais que um palmo
diante de nossos narizes melequentos:
durante esse áto de Irael Luziano e seu irmão,
um vigia foi chamado para reprimí-los,
conta Irael Luziano,
que eles quebraram o espelho
na cabeça do mal pago pau mandado homem
e saíram correndo:
o que poucos sabem,
é que ao ser quebrado sobre o crânio humanóide,
o espelho libertou os infinitos pirilampos
vindos do começo e do jamais fim do mundo.

Joka Faria, somos filhos desses pirilampos,
desses fantasmas
que para o sempre vivem descascando a sonora laranja,
os sonoros planetas, as laranjas-cabeças nossas.

Porra, nem tudo está perdido ( e tudo está perdido),
nem tudo virou bolor
( mas é do bolor do novíssimo pão de Van Gogh
que irrompe a grande sangria
que nos resgata do fundo dos charcos,
de dentro da pedra necrosada
que cresceu por descuido entre os miolos
das nossas muitas mortes e renascimentos).

Estou muito pior, estou muito melhor,
estou para além de todos os amores,
nas flores genitálias vivas perfumadas
de todos os amores meus e teus,
estou no sol e estou na água,
já não tenho limites ( e tenho limites).

O antigo medo e o atual medo vez por outra me rondam,
beijo a boca da luz,
beijo a boca das trevas
e vejo o filme "Cidade Oculta"
que tem direção de Carla Camurati
e trilha sonora de Arrigo Barnabé
( que também é um ator, um dos personagens da trama).

EDU PLANCHÊZ

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trompas de falópio 

A vialactea vai sumir inteira em tua vagina,
passará lentamente por tuas trompas de falópio,
dará meia volta e entrará em meu cu, 
envolverá meu caralho
( diria Roberto Piva?)
para num giro ou em muitos giros,
fazer o que essas palavras não conseguem

( edu planchêz)

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se me ver no arco-íris da próxima chuva 

acordado para o estar atento, 
aos novos raios versáteis, 
aos motivo que nos levam 
e nos trazem para o ouro das coisas 
que se movem nesse agora

lavagem dos olhos, estou choroso,
choro o que glauber rocha chora 
por dentro da mar de lágrimas de seus filmes,
dos filme que faço com a vida

e chorar é algo escrito por muitos por todos...
a condição humana nesse mundo 
para os que não despertaram para o temporal estelar
é buraco negro, coágulos de fogo,
ataque de formigar vermelhas

se me ver no arco-íris da próxima chuva,
se ajoelhe e beije suas próprias mãos..
beije minhas mãos,
beije as mãos dos pássaros 
que cantam por dentro das frutas

( edu planchêz )

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sacis-tambores, lagartas-pianos 

remo no reino dos anfíbios vermelhos, 
nas alvoradas que se moldam pelas mãos das chamas palavras, 
horizonte cor de pinho sol, 
charrete puxada por flautistas transcendentais e cavalos brancos,
os flautistas são sempre transcendentais ,
metafóricos por natureza,
e james brow...

eu flautista das dimensões andaluzes,
coabito com minha chama entre as chamas
dos muitos que aqui assopraram tubos:
ossos, bambus, cerâmicas, pedras, 
metais fundidos ao ar das plantas mágicas,
das plantas que abrigam vespas e lagartas,
sacis-tambores, lagartas-pianos

( edu planchêz )

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a noite lá de dentro que não me deixou dormir 

em um pequena crise emocional, 
com o corpo, 
com os nervos sendo fisgados 
por algo que não identifico,
que não se mostra,
mas está aqui me batendo,
testando minha paciência,
minha capacidade de resistir mais uma vez

a noite lá de dentro que não me deixou dormir,
trouxe o dia e com ele o sono

( edu planchêz )

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POEMA DAS ARMADURAS, DOS PARAFUSOS 
E DOS PREGOS 

E tudo isso que está atarraxado nos arrebites da carne e da pele,
tem o tamanho das espadas que atravessam a Terra 
e as Estrelas que a rodeiam;
são cravos vindos das ancestrais auto-torturas,
dos gritos que ouvimos nos esqueletos dos sonhos trêmulos ,
dos estrondos repentinos da veia que se parte 
no oco dos que nos deixam, 
dos que nos confundem com vermes gosmentos

E de errado vem mesmo o olhar turvo 
advindo dos surtos incompreensíveis do dia a dia,
das cavadas preces sem respostas,
das heranças malditas dos que cuspiram na poesia
e na canção dos desvairados por manhãs saborosas
de hortencias vestidas de pequenas meninas

E nos pregos parafusos do reverso da máquina corpo,
colo os retratos das horas esculpidas por Camile Claudel
durante a primeira estação da vida 
que guardo num pote de porcelana

( edu planchêz )

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a idade está na cabeça, 
não tenho 18 anos, tenho 58,
a força do sábio para ainda mais derramar clarões,
e assim até o fim e não haverá fim

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almas de açucar 

sobre as montanhas mais altas
de jacarepaguá despejo-me;
e eu me sinto tão triste dentro dessa casa,
dentro desse corpo feito de frases,
de toneladas de acordes arrepiantes;
já na próxima linha,
a tristeza se transforma em bola de fogo,
em bola de haxixe, em almas de açucar

e eu não fumei nada, mas gostaria

dentro dos galhos da aroeira mãe da pimenta rosa,
dentro composição que preparo com a cabeça nas nuvens,
dentro

e na próxima arte de roer visões,
e na próxima margem do rio de janeiro,
os cantos de ezra, 
os cantos do rio que você ajudou matar,
os cantos de minha verve azul alucinada

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Ipê roxo amarelo vermelho branco 

entrando na cabeça do poeta que lutou lutou e luta para ser ouvido,
para varar o planeta, o plano terrestre com sua voz e palavras,
mas quase falhou por não possuir muitos milhões em sua conta,
por viver num tempo que Henri Miller chamou de A HORA DOS ASSASSINOS,
tempo esse que valoriza o que é mais vulgar, amador, ignóbil...
e onde o poeta Edu Planchêz vai caber ai? Onde?
Não querem que o poeta cantor Edu Planchêz exista.

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límpido e confortável 

mas eu existo e que se foda o sucesso, 
minha principal meta é atingir o estágio último, 
o estado de buda, ir alem da vida e da morte,
e infalivelmente conseguirei, 
por mim e por todos os outros

meus cabelos tornaram-se brancos,
e quantos tiveram esse privilegio,
esse premio, essa oportunidade indizível?

que os mil brancos me cubram,
e se espalhem e me espalhem por todos confins,
pelos corações dos que nascem renascem
( ao lerem esse escrito )

tomo minha sopa de feijão preto com legumes,
eu mesmo à fiz, o sabor é algo de magnitude real,
pois, tal qual você, sou rei, rei da soberania humana,
taça solar exposta aos olhos, ao simples,
ao que é límpido e confortável

( edu planchêz )

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de outro ângulo não veria o céu nem os pães 

ouço os pássaros que anunciam o dia,
4h34,
meus relâmpagos me movem
em direção ao meu oratório, 
momento de derreter a depressão,
de catar no limbo o grande homem,
o aguaceiro que nunca se esconde,
o sacerdote que mergulha no espelho

visto a túnica violácea,
o rubro colar, 
o anel que pedro couraças me deu,
de outro ângulo não veria o céu nem os pães

( edu planchêz )

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Mãezinha 

Sublime realeza 
em que deposito os pássaros do sangue,
as sonhadas jabuticabas

Nas linhas retas oblíquas de tuas ácidas luas versejo

Diamante de felicidade,
mãezinha,
docinho, artista avassaladora,
minha delicada mulher

( edu planchêz )

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a crua metamorfose 

por muitos anos-luz percorremos o circulo 
que divide o som ao meio, 
a capa da porta que guarda a sala 
e a cozinha

demos nossos primeiros trinados
pendurados de cabeça para baixo
agarrados no convés da embarcação,
eramos morcegos, mariscos ou macacos-pregos

a boa memória que jamais falha,
há de dar a descrição completa,
o panorama aéreo, a visão exata
dos que provam o vinho do baobá,
dos que tanto desejam descortinar

e dorme com o poema no cinema, com as canções,
com o restante da fauna e flora,
para escrever nas lâminas do afro-tecido
o riscado de como se vence a cínica guerra,
o desafio de ser a crua metamorfose

( edu planchêz )

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E hoje, te digo que és minha 

Rainha de meus súditos olhos,
cabe na França de minha alma
toda a tua elegância,
os muitos rios de leite

Sobes ao alto de minhas torres
para veres os campos de trigo,
o morro do Corcovado,
as falantes areias de Ipanema,
os cordões de foliões...
o Rio de Janeiro...

As sendas vertiginosas do Deus aviador,
pousou a guitarra em teus cabelos,
nos anéis de teu ventre de música

E hoje, te digo que és minha,
que és do embrião que envolve os mitos
que nos alicerçam

Eu e Você, Jim e Pâmela...
sim, eu me agarrei aos raios da lua
para alçar tua janela,
os olhos teus aos meus

Se queimastes teus navios,
o mesmo fiz com os meus,
vos digo que também quebrei as chaves
para nunca mais de ti sair

Janis querida nos acena,
subamos lentamente os degraus,
ocupemos com nossas mães vozes, o palco,
as plumas, as três mil luzes,
os corações...
os atuais e os futuros dias

( edu planchêz )

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PARA OS OUVIDOS DE CATARINA CRYSTAL 

Preciso recorrer a válvula do poema para despertar o Taj Mahal
que vive sobre as pontes formadas por teu corpo e meu corpo,
nas fotografias astecas nunca morro, nunca morres;
o centro da amêndoa manhã se faz ídolo de cerâmica ante aos beijos teus,
és o dom de amarrar cálices de gelo no sopé das árvores,
a guirlanda de flores petrificadas 
que envolve meu ventre e o teu

Dinamarca-Mulher, a feitura dessa obra liberta de vocábulos 
que nunca se trancafiam nas rédeas do comum
diante de tua beleza extravagante, 
de tua voz que rasga para o sempre meu coração de tudo,
a via láctea de nada

Só o superlativo me interessa, sou o superlativo, 
a reação atômica em cadeia amorosa se espalhando
pelos contornos de teus seios,
os bilhões de cometas noturnos que se afundam
na geleias da alma tremula

A angustia alimenta o poema, é o combustível, 
não se preocupe, 
é na hora do quase suicídio que nasce a obra das obras

Herdamos a dor dos metais derretidos, 
das pedras e dos ossos partidos,
da carne rasgada pelos dentes das feras do amor
e da fome explosiva

De volta ao Taj Mahal 
mergulhado nas combinações de nossos líquidos seminais
Se não cuspirmos os espinhos não continuaremos, 
se não comermos espinhos, não continuaremos, é assim,
o espinho é vital para que aprendamos a vomitar
e ejacular nosso canto de víboras pelas faces

A flor azulada do breu luminoso, agora vai falar,
atender os apelos das canções que ouves de minha boca,
de tua boca, bocas mães de todas as esferas 
e dimensões que são espelhos de outras dimensões,
que não sei dizer, 
que sei dizer assim que os beijos de teus beijos...
se atracarem com os beijos de teus beijos

( edu planchêz )

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a crua metamorfose 

por muitos anos-luz percorremos o circulo 
que divide o som ao meio, 
a capa da porta que guarda a sala 
e a cozinha

demos nossos primeiros trinados
pendurados de cabeça para baixo
agarrados no convés da embarcação,
eramos morcegos, mariscos e macacos-pregos

a boa memória que jamais falha,
há de dar a descrição completa,
o panorama aéreo, a visão exata
dos que provam o vinho do baobá,
dos que tanto desejam descortinar

e dorme com o poema no cinema, com as canções,
com o restante da fauna e flora,
para escrever nas lâminas do afro-tecido
o riscado de como se vence a cínica guerra,
o desafio de ser a crua metamorfose

( edu planchêz )

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contornando o aquário 
da zona portuária, a ponta da espada do peixe espada

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neruda eu, neruda vc, neruda,
placido pôr de sol, semblantes

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nos seria de bom grado, Diego El Khouri, o Nobel de Literatura,
o prêmio é agradável, que nos venha a celebridade e as cifras!!!
( Diego El Khouri & Edu Planchêz, Celebridades do Kossen-Rufu )

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flores azuis dos meus sinos de perfumes,
flores merecidas doadas pelas vozes, 
pelos amarrados de raízes

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Pois somos diamantes e pedras preciosas, 
queiram ou não queiram 

É dessa puta que pariu, desse caralho coletivo, 
que nasce o foda-se maioral, o caranguejo com cérebro,
o cabeça de dinossauro, a pança de mamute, 
o que arrebenta as caras que querem nos anular; 
essa é a real, a nova linguagem, 
o nova grande arte por nós gerada, 
enfrenta uma oposição maior que o planeta, 
maior que o sistema solar.

Existe uma bando que se acha dono de todos os espaços, 
na oposição do nosso movimento, do movimento da vida.

Extremos idiotas, se postam feito múmias 
que não querem se decompor 
em nosso caminho arrombante, 
mas nada deterá a nova estrondosa criatividade, 
nada nos esconderá, pq somos enviados das estrelas, 
somos discípulos dos grandes mestres, somos extremos estudiosos, pesquisadores realizadores de grande valor.

Não há força castradora capaz de nos segurar. 

O novo céu vem de nós, inventores sem amarras, 
nossas flechas incendiárias estão há tempos sendo atiradas, todas essas velhas casas tornar-se-ão cinzas.

Somos mesmo Lagartos Primitivos 
com uma joia dentro da testa. 

Decretamos aqui a morte de um tempo.

( Edu Planchêz )

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miséria feudal

sou a voz das vozes, sempre, sou nenhuma voz, 
mas por dentro dos gritos de todos que gritam, eu grito,
e permanecerei para o sempre gritando,
gritando o grito vindo das estrelas das minhas estrelas, 
das tuas estrelas, das estrelas dos que sofrem
e se alegram ao verem seus algozes em chamas,
em caixas feitas de maciço gelo...
e as portas do brasil arreganhadas 
para que todo o rebanho fuja,
da falta de poesia, da miséria feudal...

( edu planchêz )

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Aos Filhos de Baudelaire 
e aos que sempre nos comem no transe 
das portas que se abrem dentro das portas
para no rasgo dos grãos das uvas nos fazerem ver 
a τον κόλπο de nossas mães 

( edu planchêz )

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em outra data não arrancaria de minhas veias as cenas 
que extremam a primavera sobre o dourado de todos

( edu planchêz )

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o chão que você pisa 

seu eu ficar aqui lamentando 
que estou ficando velho,
perco os cálices da chuva parida por teus vestidos,
os sertões cobertos de mel,
o passaporte para mergulhar nas folhas e flores

nossa criança apanha nos potes do céu
o doce, as visagens, o cinema das fadas

um longo poema fabrico com o olhar dos peixes,
com a concha formada por nossas mãos
ao ouvirmos o som das coisas que voam

e a reza dos rios que se cruzam nas cabeças,
nos une pelas distâncias, pelos esquecimentos,
nas ordenadas nuvens que são cartas nas mãos do mago

e vou caminhando, 
marcando com beijos o chão que você pisa

( edu planchêz )

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cartas de antigamente 

eu edu planchêz poeta cantor consagrado
entre quatro paredes, 
entre os cinco continentes da terra dos estranhos,
nos armários onde se guardam as roupas

um disse no alto de seu doente delírio 
me que iria me assoprar
num golpe de capoeira, num sopro mental, 
mas a poeira encantada do coração cobriu nossas almas...

outro arrancou de uma garrafa um navio cheio de luzes,
outro, mascou os acordes geridos por minha flauta
e saiu dançando, acho que se viu num cometa,
numa margem, num barranco vermelho

e nos selos que colo nas cartas de antigamente
está estampada a face da princesa aurora,
os pequeninos gravetos que usei 
para acender a fogueira da querida meia-noite

( edu planchêz )

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quanto mais oposição melhor,
aos anjos da minha guerra,
da nossa guerra,
irmãos e irmãs

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minha mente se ergue, 
atiça o o hormônio luz,
os papeis que uso,
a pra sempre esperança

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as muitas cabeças 
que tenho cabem numa gota 
de uva 

( edu planchêz )

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e no fio ereto 
vindo da poça de leite, 
da poça de chamas, 
sob a ardência dos mitos...

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cilindro de vidro 

óculos vermelho flauta branca 
eu poeta maravilhosamente perdido na cavidade do fluir,
nos cânticos do hoje e do ontem,
perfeito enquanto coisa móvel,
enquanto árvore, enquanto ave

na medida correta,
na surpresa aguda de por os pés no novo século,
na nova corredeira, nos andrajos pastos

eu e me vou sangue soprado viola adentro

nome que tenho, voz elevada ao máximo do máximo
para nas cavernas viver,
para nos olhos magos perpetuar
o dia e a noite,
a célula que guarda a romã nascida nos jardins 
do perfumado lar das mariposas

acaricio as perguntas e as repostas 
emergidas num cilindro de vidro vulcânico

( edu planchêz )

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Ariano Suassuna, 
grande Brujo da sabedoria arrebatadora, 
um rasgo na consciência do sol,
um rombo nas cortinas que se fechavam,
a luz do candieiro perdida na noite 
do sertão avassalador

por ele e por outros mestres e mestras
vivo, ando de joelhos sobre as folhas dos livros,
nas antenas dos bichos, 
das araras avistadas nas lages escorregadias 
do tempo que não tem calendário para se contar

( edu planchêz )

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sou uma criança viada 

sou uma criança viada, 
um rupestre sem signo,
um que se curva para ver nas hortaliças do corpo
joaninhas maliciosas,
e foda-se você e eu,
e foda-se o que for sapo e gia

meu caralho inseto fura teu quadro,
teu olho, teu cu sem telha,
e foda-se, sou apenas uma criança viada,
um que floresce, 
que se move nu nos cavalos da desobediência

voltando a criança viada, 
ao sumo da saliência ,
a irmandade que não pode surgir 
daqueles que queimam poemas,
que gritam nos parques
amarrados aos seus cachorros
ao me verem mijando numa árvore

toda criança viada mija em árvores,
toda criança mija e caga 
para esses putos conservadores

minha ave tem três trombas
por onde passa o azeite das tintas
que uso para pintar nossas bundas

( edu planchêz )

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sou apenas uma criança viada,
um christo 
com uma porrada 
de braços-caralhos 

( edu planchêz )

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violão-porta-navesloucas 

eu e a brisa de ontem e de hoje, abraçados aos postes,
aos talos das flores, aos irmãos e irmãs da nova visão, 
ao estado azul do cinema mágico

rever e rever e rever sonhos de akira kurosawa
rever e rever e rever um dia um gato de Vojtech Jasny
outros príncipes nos observam através das paredes surreais,
através das arcadas madeiras 
que apoiam a história da humana arte

usando palavras de suassuna: 
a grécia é o berço do teatro...grego,
o japão do teatro japonês, o irá, do teatro iraniano, 
e a china, a janela que tenho nas muralhas da alma,
nas muralhas que nos separam do movimento dos barcos
que jards macalé conduz pelos campos dos peixes
ao dedilhar os arames de seu violão-porta-navesloucas

( edu planchêz )

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Oh cidade mãe de minhas lágrimas! 

"O Rio era uma cidade afrancesada 
que queria ser culta como Paris",
o Rio me fez esse catalizador de amores, 
esse dínamo de sentimentos absurdos,
esse estranho tão comum

Oh cidade mãe de minhas lágrimas!
Oh mar que me vê e que eu vejo!

Amo tanto, mas tanto,
que de nada adianta contar os pontos luminosos 
da abóboda celestial...

Trás de tuas ostras, oh cidade de mim, 
as perolas medievais,
os nobres trajes das rainhas princesas,
o realejo daquela canção 
imortaliza por Carlos Galhardo

Sou tão pequeno frente a tuas ilhas 
e flores adocicadas
pelos poetas
que em ti verteram-se em sementes de verdades

Cidade pequenina mãe de minhas lágrimas,
mãezinha querida,
só mesmo os meus amores e os amores de Vinícius
para destravar essas águas trancafiadas em mim
diante de tantas chegadas e partidas

( edu planchêz)

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os arcos-íris guardiões 

cachorro coça o cu no chão por não possuir dedos, 
eu não tenho dedos para meter no túnel do tempo,
no rombo da histeria dos que estiveram de campana
na porta do copacana palace
para idolatrarem seus deuses 
que os mandaram tomar no cu 
do alto da sacada da suite presidencial;
e foda-se que foi você, e foda-se que fui eu,
estávamos ali e eramos apenas macacos analfabetos,
ridículos comedores de mídia,
babacas da pátria cega, bobos alegres,
vira-latas complexados  

por fim, afirmo ter roubado do fogo a luz,
das trevas, a noite profunda, 
os arcos-íris guardiões

estou sendo injusto, os caras são bons pra caralho, 
fazem um lance simples mesmo 
galgados num desenho de contra-baixo firme, talentoso, 
o centro do red hot é o contra-baixo, 
ele dita ou comanda tudo, 
e mandar tomar no cu é uma atitude rock in roll

não se pode esperar do red hot o carnaval que o G Roses fez, faz, 
eles são mesmo sem regras, sem planejamento obrigatório, 
fazem o som e pronto, segundo os comentaristas do multishow, 
montaram o repertorio no camarim, e foram para o ataque, 
é a natureza dos caras, tocam há muito tempo juntos, 
eu fazia isso com a blake rimbaud, infelizmente estamos no brasil, 
país que não tem valorizado seus filhos criativos, 
mas a vida segue, em breve, blake rimbaud na pista, 
comigo e minha mulher catarina crystal nos vocais

por fim, afirmo ter roubado do fogo a luz,
das trevas, a noite profunda, 
os arcos-íris guardiões

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ORATÓRIOS 

oratórios, os que estão nos ocos 
das pedras vibrando 
em consonância 
com os fios do ego;
e pensar nunca é desperdício,
é pelo mortal pensamento que entro
no centro do eu budha,
na claridade dessas palavras,
nos contornos do torrão de açúcar cor de ouro,
na brasa da erva que acabei de queimar

( edu planchêz ) 

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voos de catarina crystal e edu planchêz 

partindo para a crônica,
para o relato do que se passa,
do que eu e meu amor crystal vivemos
nesses dias de rio de janeiro
amanteigado pela voz de piaf na voz de crystal
que canta nas praças das pessoas

e são crianças e mães, senhores como eu,
faces azuis amarelas tal ela,
assopro tais vidências 
para vosso amparo,
para grudares na cabeceira da cama

e a luz da lanterna que uso para iluminar 
a mulher noel rosas,
se abre em foco de cinema.
ela não sabe, 
mas eu à filmo com a lanterna

escrevi o nome dela numa tabuleta
com uma tinta preta de pintar tecidos,
tabuleta essa que tem um desenho 
feito por minha irmã ana lúcia

com duas caixas de som à bateria
que dura múltiplas horas,
nos movemos pelas ruas da zona sul,
pelo centro da cidade do rio de janeiro
de cartola geraldo pereira ismael silva
e francisco alves dentre tantos outros...

aventura diária de encantar e se encantar,
de nos adentrarmos a folia 
da guanabara de hoje outrora

meu grande bem,
hoje comemos ovos fritos,
feijão simples, arroz branquinho,
tomates, cebola e alface...
e para beber, caldo de cana,
caldo de canções e mais canções

eu derrubo canções,
e ela, sempre em prece, abre a boca,
o fole de sua metálica garganta,
e junta-se a orquestra de billie holiday 

beija-flores, milhões de beija-flores

cabeças, bilhões de cabeças,
de seres envolvidos com a rua,
movidos pelas ruas,
eles amam as ruas,
nós amamos as ruas
e todas as suas janelas

( edu planchêz )

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voos de catarina crystal e edu planchêz número dois
catarina crystal e edu planchêz correm 
por são paulo, pela raiada praça da fé 
apinhada de crianças de rua, de operários 
e várias gentes sem endereço, 
e por que não dizer que o endereço delas é própria praça?

do coração mor da cidade ao estado federativo 
da avenida paulista, 
a avenida música da condensada cidade capitania do capital 
de todas as raças ( ali estivemos, 
nos assustando com o estrondo da boiada humana 
que tudo atropela, 
não ter tempo é sinônimo de estar, 
de ser paulista,
eu e catarina, saímos vivos ainda que esmagados
pelo que parece ser desprezo 
dos que passam sem parecer perceber 
a presença de nós ali tentado em meio ao barulho
reger algo parecido com arte,
ou mais que que arte,
menos que pop star vertido em ouro e fumaça;
mas mesmo os que tem pressa, direta ou indiretamente,
são tocados pelo sangue do que cantamos,
isso é a mais forte verdade, 
a mais linda canção

( edu planchêz )

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daqui do brasil, 
em 27 de setembro, 
ergo minha lança, meu cajado,
os 3 mil anéis, 
as 3 mil pulseiras de luz e prata,
o calmante, 
o cilindro repleto de vaga-lumes

( edu planchêz )

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arqueiros do mestre mar 

o brasil está podre mas eu não estou,
o brasil não está podre ( querem que acreditemos nisso, 
que estamos podres )
eu não canso de orar com os olhos
para que você e eu nos unamos,
nos abracemos armados de consciência extrema,
fincados nos lagos cristalinos dos cisnes dos trópicos,
no respirar dos arqueiros do mestre mar

Vinde loucura de amar os trovões emergidos nas falas das águas,
não me desespero, 
não seco sob as pestanas do implacável sol,
não aponto e aponto para as poças d'água olhando para a estrelas

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Militares no Rio usam máscara 
de caveira para proteger o rosto, 
eu uso um anel de caveira 
presente de meu amado Pedro Couraças
para clamar justiça arte gigante no coração de todos

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relíquias do destino das rãs que voam 

nem todos 
os poderes mágicos,
nem as relíquias do destino das rãs que voam,
nem mesmo a alma clarão do cavalo do jogo de xadrez,
são mais marítimos que eu você ancorados um no outro

e o que é ser marítimo? 
e o que é mover com o centro do peito um barco
que vai de nova guiné ao mar báltico?

nem todos os tramites exercidos pelas estampas palacianas
do seu vestido carmim sedutor...
minto, isso tudo me eleva ao topo,
ao champanhe virtuoso que me trouxeste da cena frança
de tuas estufas achocolatadas 

( edu planchêz )

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28 de setembro

é um caminho que vai do bem ao bem,
é uma chuva que se comunica com a chuva, 
com a chuva dos meus andarilhos interiores 

e eu já estive no orifício por onde tudo escorre,
por onde reina o sentido do não afogar-se,
de não roer o solo, os cascalhos...

a crescida trança que protejo com o cocar dos ancestrais,
oscila filmando todos os lados do planeta,,
é meu hair, meu cabelo grande, 
minha sortida cabeça de poemas e mais poemas

a trajetória desse homem que sou,
é mais que bela, é o canto dos penhascos floridos,
o remo da canoa cercada por sábios elefantes,
por girafas colossais cuja as imagens se estendem 
por imensidões que nenhum olho habita

e meu filho de grande valor,
desembainha a espada do sutra de lótus
para deletar as presas dos vermes
que nos comem vivos

( edu planchêz )

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por dentro de um certo inseto,
das estruturas bandidas do eterno surto,
da clandestinidade que vivo por opção bélica,
por opção de estar sempre em combate
rastreio entre as estrelas que achei no lixo:
o norte sagrado,
a válvula que esteve no primeiro rádio que tive,
a galena do radio mais antigo que pertencera a meu pai,
o anel de galilite que eu mesmo confeccionei,
o óculos que esteve perdido


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sanhaços em círculos lá no alto do almirante coqueiro 

amanhecendo com os pios dos que possuem penas, 
com os pedaços da noite que se despede
espalhando estrelas e flocos de céu,
de dente de leão, de antílope veloz
a minha rainha assiste desenhos animados
saboreando biscoitos, queijo branco,
rodelas de tomate, fiapos de cebola
enaltecidos pelo azeite da felicidade
ao reino do moleque retorno
por um buraco que eu mesmo fiz
no chão noutros dias, noutras artes de ver
com as pupilas das mãos e dos pés
borboletas princesas,
caracóis entretidos com formigas,
sanhaços em círculos
lá no alto do almirante coqueiro

( edu planchêz )


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sempre segui a máxima de josé régio

eu não digo nada,
e o que digo por ora,
é pouco lambido,
ou esse tempo escapa do que deve ser lambido,
por ter esquecido da não cor dos meus simples olhos,
pergunto, por que devo continuar?

por que ainda estar entre os civilizados já que tudo que faço,
que cuspo pelos neurônios não é sequer notado;
vida dedicada ao ver, ao desentranhar,
ao ampliar o ser, ao rasgar tratados inúteis

meus filmes que são poemas, que são canções,
se movem quase anônimos, que pena!
e eu chorei tanto,
fui para o hospício, me fiz mendigo, famélico,
mulambo, traste escorraçado, tudo em nome do novo,
da descoberta, do descobrir, do reinventar-se

há espaço para mim nesse mundo, nessa sociedade oca,
sem estrelas viscerais trovejando
nos tímpanos do largo espírito?

vocês não me verão cortando os pulsos,
pulando da lua, do capitólio curral,
poque eu sempre segui a máxima de josé régio:
"eu tenho a minha loucura
e à ergo a arder como um facho dentro da noite escura"
( o erro não está no que sou, no que faço,
e sim nos fracos cérebros que estão por aí
emergidos nas fezes do que é supérfluo,
"fim de papo" !

( edu planchêz )

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pessoas de clareza, estejam atentas,
a sabedoria tem que ser vossas estrelas

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zurubu, brabuleta, popoti, ariponga... 
bixos da nevoenta noite,
do deserto altofalante 

de nossas vitorias

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fome genital 

a antiga província
e antiga região administrativa
da substancia, 
coloca-se de cocoras e me chama
para de cocoras mover sua antena molusculas
eu para ela sendo neruda liberto
vivo na ilha dos amores
sob a penumbra da nova noite,
da nova louca lucidez,
fome genital

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bons livros florescem
desfolhando os psicodramas,
não tentando ser novela,
conto de vela vencida,
fofocas adulteradas

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para ouvir o perfume 

uns malacos tragos na ponta
q diego el khouri deixou
vadiando sobre os ossos
q foram dedos em aleister crowley
comporto em meu céu de estrelas
meu anel de caveira,
a arte de ter-te entre as pernas,
entre os ovários,
nos ovos de prata q compramos
nos arredores de nossas arbóreas saias

barraca armada,
estaca de gametas cravada
no q não rima, no q rima,
no q não rima, no q rima...
mais tragos, mais e mais
a cor vermelha, a cor azul,
a não cor, a cor q invento
para ouvir o perfume,
a fonte do perfume

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partes completas do pequeno grande homem 

maciço da pedra branca
açude do camorim
tudo aqui perto de mim
águas e mais águas
terras e mais terras,
aventuras vencidas,
desembarque lento
das histórias que contamos
rio de janeiro das muitas casas,
dos muitos absurdos, dos mistérios,
das latas varridas pelas chuvas
e eu entregue as chaminés de areia
que ocultam livros inteiros,
partes completas do pequeno grande homem


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sempre segui a máxima de josé régio

eu não digo nada, 
e o que digo por ora,
é pouco lambido,
ou esse tempo escapa do que deve ser lambido,
por ter esquecido da não cor dos meus simples olhos,
pergunto, por que devo continuar?

por que ainda estar entre os civilizados já que tudo que faço, 
que cuspo pelos neurônios não é sequer notado;
vida dedicada ao ver, ao desentranhar,
ao ampliar o ser, ao rasgar tratados inúteis

meus filmes que são poemas, que são canções,
se movem quase anônimos, que pena! 
e eu chorei tanto, 
fui para o hospício, me fiz mendigo, famélico,
mulambo, traste escorraçado, tudo em nome do novo, 
da descoberta, do descobrir, do reinventar-se

há espaço para mim nesse mundo, nessa sociedade oca,
sem estrelas viscerais trovejando 
nos tímpanos do largo espírito?

vocês não me verão cortando os pulsos,
pulando da lua, do capitólio curral,
poque eu sempre segui a máxima de josé régio:
"eu tenho a minha loucura 
e à ergo a arder como um facho dentro da noite escura"
( o erro não está no que sou, no que faço, 
e sim nos fracos cérebros que estão por aí
emergidos nas fezes do que é supérfluo,
"fim de papo" !

( edu planchêz )


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as cartas que escrevo
durante as orações
para os mestres do que penso, bebo e como...
segurando nas cordas,
nos símbolos, na serpentaria que habita o vão 
que pulsa entre sagitário e escorpião...
estar vivo no dia de hoje,
é algo extremo, molho de chaves,
portas para sair e entrar

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Índia, o próximo quarteirão, 
a fragrância vinda da massala 
em chamas, o outro céu

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o grande brasil das vozes loucas urra em nós 

o grande brasil das vozes loucas urra em nós, 
centuriões do absurdo, 
do que vai além 
da vida e da morte, 
glauber rocha dos des sentidos

raça escarlate azulada 
da vontade que não quebra,
dos desejos que ultrapassam, 
transbordam o reino da garganta, 
o meio da rua alada

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O PLANALTO DOS RATOS
SERÁ IMPLACÁVEL 
COM OS TRAIDORES

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cozinho nos pelos da cabeça
as frases dos livros que escrevo
nas orelhas de meu amor
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"jagunços da palavra" ( edu planchez )
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Os "jagunços da palavra",
usam seus espaços radiofônicos jornalísticos televisivos
para mentirem, distorcerem a verdade e protegerem 
as 70 mil famílias bilionárias escravocratas
que mandam e desmandam nesse Brasil miserável,
que para seus deleites assim deve permanecer,
mas nós os Celebreiros,
não vamos permitir que isso continue acontecendo,
é de suma importância que haja uma absoluta união
de todos os que são pessoas de bem, dignas e abnegadas,
devotas ao bem comum, ao humanismo intenso,
a solidariedade ao próximo é a nossa grande bandeira;
levantemos nossas vozes, unamos nossas forças, nosso sangue,
nossa raça; e quem não assumir o seu papel de ativista,
de guardião do novo Brasil de todos,
ficará na história da vida como covarde, omisso,
sem porque de ter nascido
( edu planchêz )

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"jagunços da palavra" ( edu planchez )
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Os "jagunços da palavra",
usam seus espaços radiofônicos jornalísticos televisivos
para mentirem, distorcerem a verdade e protegerem 
as 70 mil famílias bilionárias escravocratas
que mandam e desmandam nesse Brasil miserável,
que para seus deleites assim deve permanecer,
mas nós os Celebreiros,
não vamos permitir que isso continue acontecendo,
é de suma importância que haja uma absoluta união
de todos os que são pessoas de bem, dignas e abnegadas,
devotas ao bem comum, ao humanismo intenso,
a solidariedade ao próximo é a nossa grande bandeira;
levantemos nossas vozes, unamos nossas forças, nosso sangue,
nossa raça; e quem não assumir o seu papel de ativista,
de guardião do novo Brasil de todos,
ficará na história da vida como covarde, omisso,
sem porque de ter nascido
( edu planchêz )

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das ondas serpentes ( edu planchêz )
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Da arte de desentranhar-se
sou a desordem mergulhando no sol,
na subversão do estanho,
da pétala cor de gente
Na serragem das madeiras antigas,
as que foram usadas na construção
dos palácios dos reis escritores,
caminham os vultos que arrebentam,
o sonho, a saga,
os olhos dos que inventam
Escrevo, e escrever é mover,
sair escolhendo os grãos,
as pedras e as cartas
Tenho que falar dos dados
que rolam nas correntes,
nos pêndulos
formados por meu corpo e o corpo...
das ondas serpentes

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extrato da lama ( edu planchêz )
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e eu entre os almirantes moldados
pelos nós do mar do não relógio,
do não contar do tempo
e eu que vim para essa ânfora
para devolver aos frutos as sementes,
aos gatos, os novelos,
a casa de plumas,
o espírito
mordo o talo, o grelo,
o galho da planta,
as tormentas derramadas nas copas,
nas partes varridas do céu do chão
sempre inspirado,
sempre henrik ibsen, tagore e poe
extrato da lama, eu ovelha encantada
com os cristais do gelo,
gema realidade

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Decretamos aqui a morte de um tempo ( edu planchêz )
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É dessa puta que pariu, desse caralho coletivo,
que nasce o foda-se maioral, o caranguejo com cérebro,
o cabeça de dinossauro, a pança de mamute, 
o que arrebenta as caras que querem nos anular;
essa é a real, a nova linguagem,
o nova grande arte por nós gerada,
enfrenta uma oposição maior que o planeta,
maior que o sistema solar.
Existe uma bando que se acha dono de todos os espaços,
na oposição do nosso movimento, do movimento da vida.
Extremos idiotas, se postam feito múmias
que não querem se decompor
em nosso caminho arrombante,
mas nada deterá a nova estrondosa criatividade,
nada nos esconderá, pq somos enviados das estrelas,
somos discípulos dos grandes mestres, somos extremos estudiosos, pesquisadores realizadores de grande valor.
Não há força castradora capaz de nos segurar.
O novo céu vem de nós, inventores sem amarras,
nossas flechas incendiárias estão há tempos sendo atiradas,
todas essas velhas casas tornar-se-ão cinzas.
Somos mesmo Lagartos Primitivos
com uma joia dentro da testa.
Decretamos aqui a morte de um tempo.
( Edu Planchêz )

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Você me diz que a palavra está morta, só se for a tua palavra, a minha, a de Willian Blake, a de Jim Morrison, a de Fernando Pessoa, a Roberto Piva, a Diego El Khouri... está pra lá de viva. Na real, a palavra da prosa comum, está gasta. Sem o sêmem da poesia, a palavra fica asfixiada E a atitude de cada um aqui que escreve com propriedade, é de derreter com a fornalha da criatividade essa "palavra morta" e transmuta-la em ouro vivo, em néctar curador. ( edu planchêz )

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ack kerouac eu mesmo ( edu planchêz )
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Hoje tentei fugir do escrever,
mas se não escrevo,
torno-me algo estranho,
complexo descrever,
deixo em aberto o comentário...
voa-me palavras na cara,
versos inteiro,
rascunhos mantidos nos subsolo dos porões,
sax tocado pelo senhor invenção,
bee bop
jack kerouac eu mesmo
acendo o isqueiro,
acendo o baseado,
o leitoso delírio,
a madre erva
( edu planchêz )

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brasília ás escuras ( edu planchêz )
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na isolada brasília,
resmungam os grilos,
os cães de nicolas behr,
os cus dos senhores
deputados senadores,
o mundo envenenado
desses vadios
que envergonham
as dores do parto
de suas mães,
manchando a história
com a paraguaiada
gestada na fedentina
de suas mentes menores,
de seus corações mortos
brasília ás escuras
soterrada por vermes
que você por cegueira
colocou no poder,
na cadeira do pobre diabo,
nas lanças
que enfiam em teu rabo
( edu planchêz )

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sobre minha língua, 
sapateiam consoantes 
e vogais,
voláteis símbolos

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em ( edu planchêz )
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o maior mistério,
ainda está para se contar,
nos oráculos da ciência,
nos artefatos que manipulo,
na ponta do lápis do quântico pensamento
na casa de virgo. na casa do pão,
em alpha crusis